A área semeada com trigo no Paraná em 2002 foi a maior dos últimos dez anos, mas a produção obtida não correspondeu às expectativas iniciais. A área, estimada em 1,07 milhão de hectares foi 23% maior do que os 873.465 hectares de 2001, enquanto a produção será cerca de 16% menor. Em 2001 foram colhidas 1,84 milhão de toneladas e em 2002 o Deral (Departamento de Economia Rural) estima colheita de aproximadamente 1,54 milhão de toneladas.
A safra deste ano teve como fator negativo o clima. Primeiro, as lavouras, principalmente as do Norte do Estado, foram castigadas por estiagem que durou de 25 de maio até 15 de julho e resultou numa perda de aproximadamente 12% da produção, inicialmente estimada ao redor de 2,5 milhões de toneladas. Depois, no início de setembro, ocorreram geadas de significativa intensidade, aumentando para cerca de 39% a perda de produção. A região Norte perdeu em torno de 29% de sua produção por causa da estiagem.
Além da estiagem e das geadas, a produção também foi prejudicada por excesso de chuvas durante a maturação e a colheita. O rendimento médio conseguido nas lavouras paranaenses foi de cerca de 1.500 kg/ha, volume significativamente baixo, principalmente quando comparado ao da safra anterior que foi recorde; foram obtidos aproximadamente 2.107 kg/ha.
Apesar do clima ter sido negativo, o produto colhido foi favorecido pelo mercado. Os preços médios recebidos foram os melhores dos últimos anos. Enquanto em 2001 o valor nominal médio do trigo vendido pelos paranaenses foi de R$ 15,65 por saca, a média de 2002 deverá superar R$ 26,00 por saca, o que representa uma valorização ao redor de 66%.
Comparando-se a evolução dos preços ocorrida durante os principais meses de comercialização (agosto a dezembro), nesse ano foi constatado um ganho superior à R$ 100,00 por tonelada, principalmente antes de novembro, quando começa a oferta de trigo argentino. Paralelamente, as importações do Leste Europeu, a preços menores, também contribuíram para achatar o mercado interno.