O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, disse hoje que o padrão fiscal e de gestão macroeconômica do País não condiz com as notas de rating soberano que possui. “Não faz sentido a classificação de risco do Brasil em relação a seus pares, que especialmente possuem níveis de dívidas muito mais elevados.” A dívida pública bruta do Brasil hoje está pouco abaixo de 55% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto na Itália equivale a cerca de 120% do PIB.

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Holland afirmou, durante o 5º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, da BM&FBovespa, que o Brasil “não está sobreaquecido e que a inflação convergirá à meta”. Segundo ele, “não há bolha do mercado imobiliário e de crédito no País. A economia brasileira está em acomodação.”

Manifestando-se otimista, mas não ufanista, com as perspectivas do Brasil, Holland destacou que o País tem condições de manejar de acordo com a necessidade seus instrumentos de política macroeconômica, como fiscal e monetário, condição de que os países centrais hoje não dispõem. “Podemos alterar o mix de política econômica agora, se for preciso”, disse. Ele ressaltou que o governo Dilma manterá o controle fiscal e que a meta de superávit primário cheia será entregue.

Câmbio

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Embora reconheça que a política cambial é influenciada pelo desempenho das moedas de outros países, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda afirmou que “não podemos deixar o câmbio apreciar”. O governo tem manifestado, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pela presidente Dilma Roussef, que o câmbio excessivamente apreciado é deletério às empresas nacionais, sobretudo às indústrias, e isso pode prejudicar a geração de emprego no País.

Questionado sobre a importância de medidas de controle de capitais, Holland disse que desde a crise de 2008 várias ações se tornaram instrumentos de política econômica, contando, inclusive, com respaldo teórico de acadêmicos renomados como Olivier Blanchard, economista chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI). “Mas o governo não pode controlar a moeda dos outros”, afirmou, ressaltando que pouco pode ser feito quando autoridades de outros países mantêm suas moedas propositalmente fracas na tentativa de fortalecer suas exportações e melhorar o desempenho do nível de atividade de suas nações.

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Um dos componentes que colabora para tais depreciações competitivas de moedas pelo mundo são, segundo Holland, políticas de afrouxamento quantitativo que estão sendo adotadas por Estados Unidos e Reino Unido.