O peso da classe C na economia local refletiu bem nos números dos super e hipermercados da Grande Curitiba, no primeiro semestre do ano. De acordo com uma pesquisa encomendada pela Associação Paranaense de Supermercados (Apras) e realizada pela Nielsen, as vendas desses estabelecimentos tiveram um crescimento real (em que é descontada a inflação) de 6%, em comparação com os primeiros seis meses do ano passado. A taxa é superior à nacional, que foi de 5,4%. Eletroeletrônicos e produtos de perfumaria e limpeza puxaram o aumento nas vendas, na capital.
De acordo com a pesquisa, a chamada cesta de eletroeletrônicos representou, no primeiro semestre, 19,4% das vendas dos supermercados de Curitiba e Região Metropolitana.
A taxa supera a nacional em três pontos percentuais. Estimuladas pela Copa do Mundo, as vendas de televisores puxaram a cesta, com 45,5% de participação. A comercialização das TVs foi, no período, 61,8% maior que nos seis primeiros meses de 2009.
Mesmo com o fim dos descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da linha branca, no início do ano, as vendas desses produtos continuaram com bom desempenho, à exceção dos refrigeradores, que tiveram queda de 1,2% em relação ao primeiro semestre de 2009 (período em que o desconto foi implantado).
Ainda assim, o produto representou 11% das vendas dos eletroeletrônicos. Lavadoras venderam 11,4% mais este ano, e fogões, 0,4%. Já as vendas de celulares aumentaram em 19,7%.
A presença dos produtos de perfumaria e de limpeza – ambos com 13,3% de participação – na segunda posição em participação nas vendas surpreendeu os analistas da pesquisa.
No País, a posição foi ocupada pelas bebidas. Para o presidente da Apras, Pedro Joanir Zonta, isso é um dos reflexos do aumento da classe C na economia curitibana.
Ele também atribui a boa participação dos produtos à minirreforma tributária implantada no Estado no ano passado, que reduziu o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de vários itens dessas cestas.
Entre as categorias de produtos, a que mais contribuiu para o crescimento nas vendas foi o leite, que ficou mais barato e acabou sendo 14,7% mais vendido que no primeiro semestre do ano passado.
Em segundo lugar veio o açúcar, que vendeu 57,1% mais, seguido do refrigerante (8,1%). Os iogurtes, que ficaram na quarta colocação, tiveram aumento de 12,7% nas vendas. Segundo a executiva de Atendimento ao Varejo da Nielsen Brasil, Samanta Puglia, o acréscimo é exemplo da maior participação da classe C nas vendas do setor.
Surpresa
Zonta avaliou o desempenho maior que o do País como uma boa surpresa. “Esperávamos um bom semestre, mas foi além das nossas expectativas”, disse. Segundo ele, o bom momento da economia, com mais pessoas empregadas e os salários maiores, impacta diretamente nas vendas dos supermercados.
“Antes, muitos consumidores compravam só margarina. Agora, também levam queijo”, exemplifica. Ele projeta que o setor feche 2010 com crescimento de 8% a 9% sobre o ano passado.