O americano Citi não cogita tirar os pés do Brasil ainda que o cenário de recessão e complexidade do País se traduza em mais riscos para os bancos. Depois de ter repaginado sua operação, priorizando a alta renda e multinacionais, agora, após 100 anos aqui, admite adotar um perfil mais conservador e seletivo para enfrentar os percalços da economia.
Mesmo o País caminhando para o terceiro ano de déficit fiscal, o lucro do Citi no Brasil, que soma mais de R$ 70 bilhões em ativos, deve mostrar expansão neste ano como reflexo do câmbio que aumentou os negócios de empresas clientes e provisões feitas em 2014 que pesaram no resultado daquele ano. O presidente do banco, Helio Magalhães, ressalta que tal feito se dá sem entrar no mérito de guerra de tarifas, tamanho e número de agências.
Para o executivo, que completou seu terceiro ano a frente do Citi Brasil, o País enfrenta hoje, talvez, o cenário mais complexo que já tenha visto em seus 63 anos. E para o ano que vem os prognósticos para o setor financeiro não são muito diferentes com o esperado aumento de calotes, reforço nas provisões e peso da majoração da CSLL.
Magalhães reconhece que um economia em recessão por definição gera mais risco sob o ponto de vista financeiro. A atividade econômica diminui, as empresas têm menos receita, gera desemprego e as pessoas que perdem o emprego ficam sem capacidade de honrar compromissos.
Olhando para esse cenário, o executivo reflete que a razão para ser um dos poucos estrangeiros a sobreviver no varejo bancário local, após a venda do HSBC para o Bradesco, é uma estratégia orgânica e focada. “Conhecemos esse País. Temos clientes que estão conosco há quase 100 anos. Esse valor é muito grande para nós. Não tem preço essa operação a não ser que o Brasil não tivesse futuro e não é o caso. Só sairíamos daqui se acontecesse um terremoto, mas não vai acontecer. Sabemos disso”, diz ele.