Cinqüentões ganham espaço no mercado de trabalho

Rio (ABr) – O vigor da juventude pode deixar de ser fator de peso para se conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Nos últimos quatro anos as pessoas com 50 anos de idade ou mais foram as que mais aumentaram a participação nos postos de trabalho nos grandes centros urbanos. Entre os trabalhadores sem instrução, 46,1% têm 50 anos ou mais de idade.

Na pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a população ocupada nessa faixa etária, divulgada ontem, foram encontrados 10 milhões de cidadãos nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife. Desses, 3,6 milhões estavam trabalhando entre os meses de maio de 2002 e maio de 2006.

O levantamento mostra que os trabalhadores com 50 anos ou mais representam 18% da população ocupada no País e que nos últimos quatro anos a participação deles no mercado de trabalho aumentou 34%, enquanto a população total ocupada cresceu 13%. A explicação, segundo a analista da pesquisa do Instituto, Maria Lúcia Vieira, é o aumento da expectativa de vida e as mudanças no perfil das famílias brasileiras.

A economista lembrou que devido às reformas no sistema previdenciário as pessoas se aposentam mais tarde e, além disso, muitas empresas oferecem incentivos para os trabalhadores permanecerem no mercado. ?Com o aumento da expectativa de vida, há uma necessidade da população ocupada acompanhar essa evolução. Também vale destacar que as pessoas com mais de 50 anos são mais responsáveis e isso pesa, por exemplo, na escolha da contratação?, acrescentou.

Salários

Segundo a pesquisa, o rendimento médio de um trabalhador com mais de 50 anos era de R$ 1.401,30 em maio deste ano, 36,3% maior do que o da população total ocupada (R$ 1.027,80) nas seis maiores regiões metropolitanas do País (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Salvador).

De acordo com o estudo, em maio de 2002 a diferença salarial entre as duas faixas etárias era de R$ 38,00 e em maio de 2006 passou para R$ 373,50. As pessoas com 60 anos ou mais de idade também ganhavam em maio deste ano (R$ 1.383,80) mais do que a população total ocupada.

O IBGE constatou que a maioria das pessoas ocupadas com 50 anos ou mais trabalha por conta própria (32,7%), enquanto os empregados com carteira assinada no setor privado representam 24,1%. A categoria de militares e funcionários públicos aumentou sua participação de 18,6% em 2002 para 23,3% em 2006. ?Os concursos públicos no período e os incentivos financeiros para que os servidores continuem na ativa explicam esse aumento?, observou a analista da pesquisa do Instituto, Maria Lúcia Vieira.

Na avaliação do professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Márcio Poscham, o número de autônomos é maior entre as pessoas com 50 anos ou mais porque muitas delas já se aposentaram e estão buscando uma composição de renda, o que também justifica os salários mais altos.

?Essa transição para o trabalho autônomo pode ser também uma complementação de renda para ajudar no financiamento da família. Isso é importante do ponto de vista familiar porque também os jovens estão vendo postergada a sua faixa etária de inserção no mercado de trabalho, diante da dificuldade de conseguir o primeiro emprego?, explicou o professor, que também é autor de vários estudos sobre mercado de trabalho no Brasil.

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