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Henrique Meirelles, presidente do BC.

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O Banco Central indicou que o ciclo de aumento dos juros iniciado em setembro do ano passado pode estar próximo do fim. No entanto, o BC também afirmou que a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) deve permanecer em patamares altos durante um longo período, praticamente descartando quedas no curto prazo. As afirmações constam da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da semana passada, divulgada ontem, quando, por decisão unânime dos diretores do BC, foi promovida uma elevação dos juros de 18,25% para 18,75% ao ano.

?Embora essa decisão já traga a taxa de juros básica para nível próximo ao que, na avaliação do Copom, promoverá a convergência da inflação para a trajetória das metas, o Comitê entende que ainda não será possível dar por concluído, com esse movimento, o processo de ajuste iniciado em setembro de 2004?, diz o Copom na ata.

Apesar de ver a inflação mais próxima da meta de 5,1% buscada neste ano – o que indica o fim próximo do ciclo de altas dos juros -, o comitê faz mistério sobre o número de altas que ainda serão promovidas.

?O número de etapas adicionais do processo de ajuste dependerá da confirmação pelos dados do cenário benigno que começa a se delinear e da percepção por parte dos agentes econômicos de que após a conclusão desse processo a taxa de juros será mantida constante por um período suficientemente longo de tempo.?

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O BC também deixou claro que caso a inflação volte a se distanciar das metas, o Copom pode continuar o processo de alta dos juros por um período mais longo que o atualmente imaginado.

?Na eventualidade de se verificar uma reversão na evolução do cenário prospectivo traçado para a inflação neste momento ou uma exacerbação de outros fatores de risco acompanhados atentamente pelo Comitê, a autoridade monetária estará pronta para adequar às circunstâncias o ritmo e a magnitude do processo de ajuste da taxa de juros básica.?

Expectativa do mercado

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De certa forma, a ata do Copom veio dentro do que esperava o mercado em relação à proximidade do fim do ciclo de alta dos juros.

Boletim divulgado pelo BC nesta semana a partir de consultas aos agentes de mercado mostra uma expectativa de alta de 0,25 ponto percentual nos juros em março, para 19% ao ano. Nas últimas reuniões, o aumento promovido foi maior, de 0,5 ponto.

O fim do processo de alta dos juros deve agradar parcialmente a empresários, sindicalistas e a classe política em geral, que vêm pressionando fortemente o BC nos últimos meses.

Aqueles que pressionam o Copom não devem ficar totalmente satisfeitos porque também na ata de ontem o BC avisou que quando a taxa parar de subir, haverá ?um período suficientemente longo de manutenção dos juros?.

Telefone deve subir mais em 2005

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) elevou a projeção de aumento das tarifas de telefonia fixa em 2005 de 7,7% para 8,7%, segundo a ata da reunião que elevou os juros básicos da economia para 18,75% ao ano.

No entanto, foram mantidas as previsões de que os preços da gasolina e do gás de botijão não devem subir neste ano e que os preços da energia elétrica terão um reajuste de 9,5% ao longo do ano.

Para os preços administrados por contrato e monitorados, a previsão é de um aumento de 6,7%, o mesmo da reunião anterior.