Chuva influencia preço das hortaliças

As fortes chuvas que atingiram o Paraná, entre o final de setembro e o início de outubro, não trouxeram prejuízos apenas para as famílias que perderam suas casas por causa das enchentes e dos ventos. De acordo com a Central de Abastecimento do Paraná S/A (Ceasa), das 30 variedades de hortaliças comercializadas diariamente, doze registraram alta em seus preços, onze ficaram estáveis e outras sete registraram uma baixa no valor de comercialização repassado aos supermercados e consumidores finais.

Dentre os que mais aumentaram, estavam o chuchu, a alface crespa e a couve-flor, todos provenientes da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) que, segundo o Instituto Tecnológico Simepar, alcançou 70 milímetros de precipitação naquela época, o que representou quase a média histórica do mês passado.

Anderson Tozato
A alface crespa proveniente da RMC está entre as hortaliças que mais aumentaram de preço, assim como o chuchu e a couve-flor.

De acordo com o gerente da divisão técnica da Ceasa, Valério Borba, a maior alta ficou com o chuchu. A caixa com 22 quilos do produto teve um aumento de 33,33% de uma semana para outra. “Em seguida estava a alface crespa, cuja caixa com dezoito unidades subiu 28,57%. O terceiro maior aumento ficou por conta da couve-flor, cuja dúzia aumentou 25% de uma semana para a outra”, explica.

Para o presidente da Associação Sertanejo, que reúne produtores rurais de Cerro Azul, na RMC, Renato Hillmann, a tendência é que esses produtos em destaque faltem no futuro. “Além disso, por conta da grande procura, esses produtos podem ficar ainda mais caros ao consumidor final”, teme.

Os demais produtos em alta foram a abóbora seca (14,29%), abobrinha verde (19,05%), aipim comum (18,18%), batata lavada (6,67%), batata salsa extra (20%), couve flor grande (25%), pimentão verde (11,11%) e a vagem macarrão (19,05%).

Por outro lado, as reduções de preços mais significativas entre as hortaliças foram registradas na batata doce (5,56%) e na cebola nacional (2,86%).

Pesquisa

Segundo Borba, os valores repassados pela Ceasa não são comuns ao consumidor que compra seus produtos nos supermercados, mas refletem diretamente nos preços que esses chegam ao consumidor final.

Portanto, havendo a crise ou não, Borba orienta que a pesquisa e a substituição de certos produtos com valores mais elevados é o caminho mais indicado para aqueles que pretendem economizar. “Sempre orientamos a substituição dos produtos mais caros por outros. Exemplo disso é o chuchu. Mesmo com alta, o preço ainda está atraente, em média R$ 8 por uma caixa com 22 quilos”, diz.

Esse é o caso de Irene Asato, que busca alternativas para não pagar mais caro. “Quando aquilo que quero está com o preço muito alto parto para outras hortaliças. Sempre temos condições de mudar o cardápio e procurar produtos que estão mais em conta”, diz.

Para aqueles que não têm tempo de pesquisar, o Disque-economia, serviço oferecido pela Prefeitura de Curitiba, analisa e divulga os preços de produtos em dezesseis mercados da capital. De acordo com o serviço, até semana passada, era possível encontrar a unidade da couve-flor entre R$ 1,89 a R$ 3,77, a alface entre R$ 0,58 e R$ 1,36 a unidade e o quilo do chuchu entre R$ 0,59 e R$ 0,99. O telefone do Disque-economia é (41) 3262-6564. Mais informações também podem ser obtidas no site da prefeitura www.curitiba.pr.gov.br.

Tempo ainda pode afetar produção de 2010

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Anderson Tozato
Com crise ou não, a pesquisa e a escolha pelos produtos mais baratos é o caminho para o consumidor economizar.

Anualmente, entre o final de setembro e início de outubro, o Paraná produz aproximadamente três mil toneladas de hortaliças. No entanto, em decorrência das chuvas registradas nesse período, um levantamento feito pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), constatou que houve uma perda de 5% de toda a produção estadual. Segundo o instituto, o Paraná é um dos maiores produtores de hortaliças do País. Em 2008, foram produzidos 2,7 milhões de toneladas.

De acordo com o coordenador estadual da cadeia produtiva de oleicultura do instituto, Iniberto Hamerschmidt, as plantações de safra foram as mais atingidas. “Aqueles que plantam pepino, tomate, abobrinha e pimentão, por exemplo, foram os mais atingidos, pois o plantio ocorre entre setembro até o dia 15 de outubro, período em que ocorreram as chuvas acima do normal. Isso dificultou muito o trabalho desses agricultores”, diz.

Nas plantações de alface do Estado, prejuízos com as chuvas também foram registrados. “Nesses locais muitos agricultores encontraram um aumento na incidência de doenças. Na alface, por exemplo, a umidade em excesso provocou a chamada queima de saia, uma doença que ataca a parte de baixo das plantas, tornando-as impróprias para a venda. Em alguns casos, registramos a perda de lavouras inteiras”, explica Hamerschmidt.

Além disso, o mau tempo afetou as mudas que já haviam sido plantadas pelos agricultores. “O agricultor que transplantou a muda de qualquer hortaliça também perdeu todo seu trabalho. O excesso de chuva, que traz junto enxurradas, fez com que a maioria das plantas recém-plantadas fosse levada pela água. Isso foi mais comum em áreas de declive, onde os agricultores deverão iniciar o plantio novamente”, estima o coordenador.

Preços

De acordo com Hamerschmidt, o período pós-chuva ainda trará consequências negativas para o bolso do consumidor. “Se continuar a chover torrencialmente, como vem acontecendo, o clima poderá afetar toda a produção de 2010 e, consequentemente, o que será vendido daqui pra frente. Agora, se o tempo melhorar, essas lavouras ainda poderão ser recuperadas”, avalia.