A forte aceleração nos reajustes dos produtos alimentícios em janeiro refletiu, sobretudo, as chuvas que prejudicaram a colheita. No entanto, a alta dos alimentos no mês passado teve também efeitos do dólar e do “movimento nos preços das commodities (matérias-primas)” no mercado internacional, afirmou hoje a coordenadora de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos.
O instituto informou hoje que os preços de alimentos e bebidas registraram variação positiva de 1,13% em janeiro, ante alta de 0,24% em dezembro. Segundo Eulina, enquanto os alimentos in natura tiveram os preços impulsionados pelas chuvas, produtos como o bacalhau (5,41%) e o pão francês (0,65%) sofreram influência do dólar, que teve alta de 8% em janeiro.
Além disso, Eulina citou as carnes (1,67%) e o açúcar cristal (10,27%) como exemplos de reajustes vinculados a um aumento na demanda internacional. “Será preciso checar, daqui para frente, as consequências das chuvas, do dólar e da alta das commodities sobre os preços dos alimentos”, afirmou.
Eulina salientou que, ao contrário do que ocorreu no ano passado, os produtos alimentícios (1,13%) subiram acima dos não alimentícios (0,64%) no início do ano. De acordo com a coordenadora, ainda não é possível dizer se essa é uma mudança no perfil da inflação. “É preciso acompanhar se essa mudança de tendência vai prosseguir nos próximos meses”, avaliou.
Fevereiro
A inflação de fevereiro já conta com “uma lista bem forte” de reajustes já conhecidos de preços, segundo Eulina. Haverá impactos de reajustes de ônibus urbanos em várias regiões: São Paulo (17,40% em 4 de janeiro, com 2,5% a serem apropriados em fevereiro); Rio de Janeiro (6,82% a partir de amanhã); e Belém (8,80% em 3 de fevereiro); Salvador (4,5% em 16 de janeiro, com resquício de 2,5% a ser apropriado em fevereiro). Haverá também impactos, ainda no grupo de transportes, dos reajustes de trem e de metrô em São Paulo (ambos de 3,9% no dia 9 de fevereiro).
Outro impacto importante na inflação de fevereiro será dado, de acordo com Eulina, pelas mensalidades escolares, que são apropriadas pelo IBGE nos índices de fevereiro e março. As influências difíceis de projetar serão dadas pelos alimentos e os combustíveis. “É preciso checar que efeitos as medidas adotadas pelo governo terão no preço do álcool”, explicou.