O secretário de Agricultura de Goiás, Antonio Flávio Camilo de Lima, testemunhou o ímpeto com que os chineses desembarcaram no Brasil, em 2011. Queriam converter o norte do Estado, na época voltado para a pecuária, em produtor de soja. Não se interessaram pelo sul de Goiás, que já produzia soja, porque não queriam concorrer com as tradings que lá compram o grão todos os anos.

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“Eles queriam 6 milhões de toneladas por ano”, lembra o secretário. “Na época, Goiás produzia 7 milhões.” Levaram muito tempo a convencê-los a começar mais devagar, com 300 mil toneladas. Lima foi à província de Heibei, que é “irmã” do Estado de Goiás, e chegou a firmar um memorando de entendimento. Mas, assim como apareceram, os chineses sumiram.

Sangria desatada

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No Mato Grosso também os chineses chegaram com a mesma sangria desatada e acabaram desistindo e concentrando-se na Bahia. Jairo Vaz, da Secretaria de Agricultura da Bahia, observa que no norte do Mato Grosso, na Amazônia Legal, a lei permite explorar apenas 20% da terra, e manter 80% de reserva, enquanto no cerrado baiano é o inverso: 80% pode ser cultivado.

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“O solo aqui é pobre, mas o plano de chuva é favorável e, com o avanço da tecnologia, o Oeste da Bahia vem se capitalizando mais depressa do que outras regiões”, analisa Ivanir Maia, diretor de Relações Internacionais da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). No início, a Embrapa ajudou na adaptação da soja, mas não tem sede na região. “Aqui não se espera o governo para fazer pesquisa. O produtor que faz”, diz Maia, gaúcho. A maioria dos agricultores no Oeste da Bahia veio do Sul.

Juntos, Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, Estados conhecidos pela sigla Mapitoba, produzem 10 milhões de toneladas de soja, salienta Jairo Vaz. Isso representa pouco menos da metade do que o Brasil exporta para a China.

Entretanto, pondera o superintendente de Política de Agronegócios da Secretaria de Agricultura da Bahia, “a China está entrando no mercado como outro trader”, ao lado de EUA, Holanda, Alemanha, Japão. “Existe uma ideia de que a China vai tomar conta do grão no Brasil”, contesta ele. “É totalmente errado. Vai competir com traders no mercado, que são multinacionais. Vai entrar como outro cliente nosso. Para quem quer vender é muito bom ter mais um comprador para discutir os preços.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.