O governo chinês recusou ou suspendeu a análise de US$ 29 bilhões de projetos de investimentos industriais este ano na tentativa de enfrentar um dos mais graves problemas do país: o excesso de capacidade de produção no momento em que a demanda mundial se contrai.
Esses recursos referem-se a 47 solicitações de um total de 339 analisadas desde o início de 2009. Isso significa que o governo deu sinal verde a 292 projetos, no valor de US$ 223,5 bilhões.
Convertido em R$ 50 bilhões pelo câmbio atual, o valor das propostas vetadas se aproxima dos R$ 52 bilhões investidos pelo poder público brasileiro de 2004-2008.
Zhu Xingxiang, do Ministério do Meio Ambiente, disse ontem em Pequim que o governo também vai determinar o fechamento de fábricas, com o duplo objetivo de combater a poluição e reduzir a capacidade instalada.
Segundo ele, os principais alvos são os setores de aço, alumínio, coque, cimento e papel. Mesmo com os vetos deste ano, Zhu avaliou que a velocidade da reestruturação industrial não é rápida o suficiente.
A decisão de combater o excesso de capacidade foi adotada em outubro pelo Conselho de Estado, que vê com especial preocupação a expansão das siderúrgicas.
“Há 58 milhões de toneladas de capacidade de aço atualmente em construção, a maior parte ilegítima. A capacidade de produção de aço poderá exceder 700 milhões de toneladas e o excesso de capacidade vai se agravar se restrições não forem implantadas a tempo”, dizia comunicado do gabinete.
A China responde por mais da metade da fabricação de aço do mundo, e somente os 58 milhões de toneladas em construção superam as 30 milhões de toneladas que o Brasil produz a cada ano. A palavra “ilegítima” refere-se a projetos iniciados sem o sinal verde do poder central.
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