O governo chinês continua suspendendo a compra de soja brasileira e ontem barrou a entrada de grãos transportados por outras duas empresas: Cargill Internacional e Libero Trading. Essas duas tradings eram responsáveis pelo carregamento de 61 mil toneladas de soja embarcadas no navio Eleftheria e rechaçado pelo governo chinês. O argumento é que o lote estava misturado com sementes tratadas com fungicidas. Outras seis empresas já estão impedidas de exportar o produto para os portos chineses.

A China é o maior mercado da soja brasileira e consome 20% das exportações nacionais, que no ano passado somaram 20 milhões de toneladas A suspensão foi comunicada de manhã ao Ministério da Agricultura pelo embaixador do Brasil em Pequim, Afonso Celso de Ouro Preto. O navio zarpou de Santos, ao contrário dos demais, que partiram de Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

Estão proibidas de vender soja brasileira para a China as tradings Bianchini, Cargill Agrícola, Cargill Internacional, Irmãos Trevisan, Noble Grain, Louis Dreyfus, ADM e Libero Trading. O secretário avalia que a suspensão à Cargill Internacional vale apenas para os lotes de soja comprados no Brasil. Ou seja, lotes de soja americana vendidos pela Cargill Internacional podem ser descarregados nos portos chineses.

Apesar dos novos embargos, o governo chinês sinalizou que continuará comprando soja fornecida pelo Brasil assim que for solucionado o impasse quanto ao nível de tolerância de sementes tratadas com fungicidas. A informação foi dada pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, antes do anúncio da suspensão às duas empresas. Rodrigues, que integrou a missão oficial do Brasil à China, reuniu-se com autoridades do Ministério da Quarentena chinês. “Os chineses disseram que têm confiança no Brasil e que somos grandes parceiros. Eles disseram que confiam que continuarão comprando soja do Brasil e têm certeza de que as ações do governo brasileiro permitirão que a comercialização volte a ser tranqüila”, afirmou Rodrigues, que está no Japão e concedeu entrevista por telefone a jornalistas brasileiros.

A descoberta de mais um carregamento de soja misturado impediu que o governo, por meio do assessor para Assuntos Internacionais do ministério, Odilson Ribeiro, solicitasse o fim do embargo imposto ao produto. “Nosso técnico esteve em Pequim e apresentou petição para que o embargo a essas empresas fosse suspenso. Mas na reunião ele foi informado de que havia suspeita de um novo lote com mistura”, disse Tadano.

A China, no entender de Rodrigues, tem, como principal destino da soja brasileira, “todo o direito de fazer suas exigências e cabe aos fornecedores atender à demanda de acordo com o desejo do consumidor”. A situação é de impasse. A China exige tolerância zero de sementes tratadas com fungicidas nos lotes de soja. Os exportadores brasileiros insistem que não existe tolerância zero, ou seja, é impossível não haver mistura, mesmo que em pequenas quantidades, de sementes nos lotes de soja.

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