Duas unidades exportadoras de carne de frango tiveram suas licenças de exportação para a China suspensas por suspeita de contágio químico. A China identificou cargas contaminadas por dioxina, substância que pode fazer mal à saúde humana. Os produtos eram provenientes de unidade da BRF em Rio Verde (GO) e da Bello Alimentos Ltda em Itaquiraí (MS).

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Documentos e e-mails obtidos pelo Estado mostram que os chineses passarão a exigir um laudo a mais para os exportadores de proteína animal para comprovar que as cargas entregues ao país não estejam contaminadas pela substância. O governo brasileiro chegou a alegar que a medida geraria aumento de custos e burocracia e ponderou, durante encontro com representantes da Defesa Sanitária da China, que o caso é pontual.

A suspeita de contaminação ocorre quatro meses depois da visita ao Brasil do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, na qual o governo Dilma Rousseff assinou uma série de acordos, entre eles alguns de exportação de proteína animal. Ocorre também na véspera da viagem da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, para a Ásia, na qual espera fechar novos acordos. O objetivo do governo é evitar que esse caso possa ser usado como justificativa para futuras barreiras.

E-mails trocados entre a embaixada brasileira na China, o Itamaraty e o Ministério da Agricultura mostram que o primeiro comunicado chinês ocorreu em 29 de julho, quando dois lotes de carne de frango da BRF apresentaram níveis de dioxina classificados como elevados pelo governo chinês.

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Os documentos relatam ainda que em um encontro com o Encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em Pequim, ministro Marcelo Della Nina, o vice-diretor geral do Import and Export Food Safety Bureau, Bi Kexin, classificou o caso como “delicado e importante”.

O executivo chinês disse ao ministro brasileiro que não foi dada publicidade ao caso para buscar resolver o assunto “delicadamente, mas salvaguardando o interesse dos consumidores”. Ele e outro executivo chinês fizeram questão de lembrar ao brasileiro que em casos recentes envolvendo Irlanda e Chile o tratamento foi diferente, com suspensão comercial imediata e divulgação do problema.

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No primeiro carregamento, além de dioxina, foi encontrada, segundo as autoridades chineses, a bactéria salmonela. Os relatos da embaixada, no entanto, não informam o nível de contaminação no carregamento. No dia 21 de agosto, a aduana detectou novo caso de dioxina.

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, disse ao Estado que esses procedimentos são rotineiros. “Não deixaremos de manter o rigor na defesa agropecuária. Estamos em conversação com a China.”

Em nota, a BRF classificou o caso como pontual. “A BRF informa que está tratando de um tema isolado, relacionado a exportação pontual de frango da unidade de Rio Verde para a China. A questão já está sob controle e de acordo com a legislação vigente no País.” A reportagem não conseguiu contato com a Bello Alimentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.