A China minimizou as críticas dos EUA ao câmbio do país e classificou de injustas as medidas adotadas pela União Européia e o governo de Wa-shington para frear as exportações de seus produtos têxteis.
A guerra de palavras reflete o crescente desconforto político de ambos os lados do Atlântico com os postos de trabalho que estão sendo perdidos por causa do aumento no custo de importação dos produtos chineses, muitos deles produzidos em fábricas construídas por companhias americanas e européias.
O Tesouro americano advertiu Pequim de que poderia acusar o gigante asiático de manipular sua moeda, caso não promova medidas para apreciar o yuan. Por sua vez, o ministro do Comércio da China, Bo Xilai, afirma que Pequim estava estudando o informe do Tesouro americano, mas que discordava de suas conclusões.
?Acredito que não são razoáveis?, disse Bo ao participar do Fórum anual da revista Fortune. Essa foi a mais dura advertência feita por Washington sobre a rígida política cambial chinesa que, segundo os manufatureiros americanos, desvaloriza o yuan em cerca de 40%, dando aos exportadores chineses uma vantagem injusta nos mercados mundiais.
Horas depois das acusações contidas no informe do Tesouro dos EUA, a China promoveu um novo sistema cambial que permite a negociação em outras moedas além do yuan, um marco nos esforços do país de reformar o regime cambial do país.
A China vem afirmando que tem a intenção de liberar o yuan, que vem sendo cotado a 8,28 unidades por dólar desde a crise financeira asiática, em 1997.
O ministro do Comércio chinês classificou também de rudes as atitudes dos EUA e da UE para tentar frear as exportações de têxteis do país. Bo Xilai afirmou que Washington e Bruxelas tiveram dez anos, até o fim de 2004, para anular, em fases, as importações de têxteis dos países desenvolvidos.
?Lamentavelmente, os países desenvolvidos, como as nações européias e os EUA falharam nesse sentido. Eles mantiveram entre 70% e 90% das cotas até o fim do ano passado, o que levou a um avanço temporário das exportações de têxteis chineses no início deste ano?, disse.
As cotas foram abolidas no dia primeiro de janeiro de 2005.
Milhões de chineses dependem dos têxteis para se sustentarem, e US$ 1,26 bilhão em exportações já foram afetados pelas medidas adotadas pela UE, segundo o ministro.
De acordo com os termos aceitos pela China quando ingressou na Organização Mundial do Comércio, em 2001, a União Européia poderia tentar impedir o avanço das importações da China no prazo de 15 dias do início das consultas formais, se Pequim não adotasse ações efetivas para limitar as exportações.