China prende acusado da possível maior fraude da história do país

A polícia da China prendeu o fundador do maior negócio de finanças online do país suspeito de enganar 900 mil investidores em um valor total de US$ 7,6 bilhões, no que pode ser a maior fraude financeira na história do país.

A imprensa local anunciou a prisão de Ding Ning e 20 de seus funcionários na noite de domingo. A rede estatal CCTV mostrou a gravação do que seriam confissões de dois ex-empregados da Ezubao, uma empresa que saiu da obscuridade e se tornou a maior plataforma de financiamento online da China em um prazo de apenas cerca de 18 meses.

A Ezubao era o ator mais espetacular em um setor de investimento online em expansão que as autoridades chinesas vinham tendo dificuldades para regular. Empresas que iam desde companhias de internet já estabelecidas, como o Alibaba, até start-ups praticamente desconhecidas, inundaram o negócio, prometendo retornos mais altos do que os dos bancos estatais, que frequentemente oferecem juros abaixo da inflação.

A Ezubao prometia aos investidores que os tomadores de empréstimos pagariam os recursos de volta a taxa de juros entre 9% e 14,6%, mas 95% desses tomadores eram entidades fictícias criadas pela Ezubao, segundo informou aos investigadores um ex-funcionário da empresa.

Por trás da Ezubao está Ding Ning, de 34 anos. Sem treinamento técnico ou financeiro, Ding lançou a Ezubao em julho de 2014 e abriu vários escritórios de marketing pela China. O empreendimento comprou pontos caros de publicidade que eram exibidos antes da popular programação da noite da CCTV.

Neste domingo a CCTV mostrou uma confissão de Ding e imagens de autoridades saindo da casa dele com malas de dinheiro. A agência Xinhua detalhou o extravagante estilo de vida de Ding. “A verdade é que isso é uma fraude (…) É um típico esquema Ponzi”, afirmou o Zhang Min, parceiro de Ding, em sua confissão.

Apesar das vastas soma citadas no caso, a Ezubao, que também aparece na internet como Ezubo, representa apenas uma pequena parte do sistema bancário paralelo (shadow banking) da China, estimado em US$ 1,5 trilhão no fim de junho passado, de acordo com órgãos reguladores do setor chinês.

Fu Weigang, pesquisador do Instituto para Finanças e Leis de Xangai, disse que a dificuldade para se obter financiamento no sistema bancário da China, dominado por instituições estatais, há décadas faz os cidadãos do país buscaram empréstimos em sistemas paralelos, o que também abre espaço para esquemas Ponzi.

No entanto, a Ezubao conseguiu tirar vantagem de um influxo de investidores nos últimos anos usando um modelo de internet, de acordo com Fu, efetivamente levando estruturas pequenas para nível nacional. “O que eles estavam fazendo não é novo na China. Mas o modo como eles fizeram isso online e a escala, isso foi sem precedentes”, afirmou o pesquisador. Fonte: Associated Press.

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