Os números da balança comercial do Paraná dos primeiros cinco meses do ano mostram uma aceleração na concentração do comércio internacional do Estado com a China. No período de janeiro a maio, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, 16% da corrente de comércio paranaense -US$ 1,6 bilhão, em uma conta em que entram importações e exportações – foram com o país asiático. Os chineses compraram 18% dos produtos embarcados pelo Estado no período, ou cerca de US$ 950 milhões. Nos primeiro cinco meses de 2009, as exportações para a China representavam 11,4% do total, somando US$ 506 milhões. Em 2008, o peso do mercado chinês era de 10%.
O Estado também tem importado mais da China, o que ajuda a explicar a ascensão do país asiático como maior parceiro comercial do Paraná – a segunda colocada é a Argentina, com 10,3% da corrente de comércio. Entraram nos primeiros cinco meses do ano US$ 665 milhões em produtos chineses, o que representa 14,2% do total importado pelo Paraná. Em 2008, a China fornecia cerca de 9,5% das compras do Estado.
A intensa relação comercial entre Paraná e China apresenta um desequilíbrio na diversificação dos produtos. As exportações paranaenses se concentram no complexo soja, em especial na soja em grão, que representa mais de 90% da pauta, enquanto as importações são mais variadas, dispersas por uma lista de mais de 2 mil produtos.
Assim, a posição ocupada pela China no comércio com o Estado é marcada por uma especialização na venda de grãos para o país asiático. “No ranking geral das exportações do Estado, os produtos do complexo soja continuam na primeira colocação, com uma participação de 29,7% nos primeiros cinco meses do ano”, explica o chefe do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Maurílio Schmitt. “A segunda colocação voltou a ser ocupada pelos materiais de transporte, que respondem por 14,8% das exportações.”
Recuperação
Os dados do Ministério do Desenvolvimento também reforçam a noção de que o comércio exterior do Paraná saiu do período de contração severa provocada pela crise. As exportações em maio cresceram pelo quarto mês consecutivo, atingindo US$ 1,36 bilhão, com uma elevação de 4,8% sobre abril e de 22,2% sobre maio de 2009. As importações somaram US$ 1,05 bilhão, mantendo o ritmo forte de aceleração, com alta de 5% em relação a abril e de 54,9% em relação a maio de 2009.
Nos primeiros meses deste ano, houve uma melhora sensível nos embarques de produtos manufaturados, em especial dos materiais de transporte – a alta neste caso foi de 51%, para US$ 773 milhões. Houve incrementos importantes também em itens do segmento de mecânica (50%), produtos têxteis (33%), e papel e celulose (29%). Com isso, foi amenizado o movimento que levou os itens básicos à liderança da pauta de exportação. Até maio, os básicos representaram 45% dos embarques, contra 43% dos produtos manufaturados.
Schmitt observa, porém, que a tendência é de deterioração da balança comercial, com importações crescendo mais que as exportações, influenciadas pelo câmbio. “Nos primeiros cinco meses do ano, as exportações cresceram 17% em dólares, chegando a US$ 5,2 bilhões. Mas o câmbio médio mais baixo fez com que o faturamento em reais ficasse 4,9% inferior”, calcula. “A rentabilidade para os exportadores caiu neste ano.” A valorização do real favoreceu as importações e fez com que o superávit da balança comercial do Estado fosse de apenas US$ 535 milhões, menos da metade dos US$ 1,3 bilhão dos primeiros cinco meses de 2009.