China incentivada a flexibilizar o câmbio

Os presidentes dos bancos centrais dos Estados Unidos, Alan Greenspan, e da Europa, Jean-Claude Trichet, incentivaram a China, ontem, a valorizar a sua moeda, o iuane, com cuidado para não pressionar Pequim. O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) considera que a China tem interesse em flexibilizar o câmbio. O iuane está cotado hoje US$ 0,12 (R$ 0,29).

Ao contrário do que dizem os políticos e empresários americanos, segundo Greenspan, na verdade, esta medida teria pouco impacto na economia dos Estados Unidos. ?Caso o iuane seja valorizado em relação ao dólar, os Estados Unidos importarão menos produtos chineses, (…) mas isso não significa que o déficit americano será muito reduzido?, disse o presidente do Fed, em intervenção via satélite durante uma conferência em Pequim sobre o sistema bancário e financeiro.

Desde a crise financeira asiática o iuane está atrelado ao dólar por um tipo de câmbio fixo, que alguns países ocidentais – em particular os Estados Unidos – consideram uma forma de concessão de vantagens desleais aos exportadores chineses.

O déficit comercial dos Estados Unidos fixou um novo recorde em 2004, com 617 bilhões de dólares. A China contribui com mais de 25% para este déficit, com 162 bilhões de dólares.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, que participou da conferência de ontem, também disse que a China tem interesse em valorizar o iuane. ?A China tem interesse em aumentar o valor de sua moeda em relação a outras divisas mundiais?, declarou Trichet, em Pequim. Porém, ele acentuou que ?isto é problema da China. Só a China tem que decidir o que mais lhe convém?, considerou o presidente do BCE. As autoridades chinesas rejeitam qualquer pressão sobre este assunto e avançam gradativamente e de forma prudente numa reforma de sua taxa de câmbio, segundo o presidente do banco central da China, Zhu Xiaochuan.

?A China tem de se preparar em vários âmbitos?, disse Zhu, referindo-se especialmente à ?reforma das instituições financeiras e à melhora do mercado de capitais?.

O vice-primeiro-ministro chinês, Huang Ju, vem dizendo há meses que a China está preparando sua reforma monetária, inclusive a flexibilização do iuane, mas o governo não deixará de defender suas prioridades em detrimento das exigências externas.

A expectativa dos analistas é de que o novo regime cambial na China possa vir a vigorar ainda neste ano e que registre uma rápida valorização em relação ao dólar, impulsionando ainda moedas de outros países asiáticos.

Para manter a atual relação entre o dólar e o iuane, o governo chinês precisa comprar grandes quantidades de dólar, o que, segundo Greenspan, ?não pode continuar indefinidamente?. ?Ao reforçar o crescimento mundial, é importante que a estrutura da economia chinesa seja tão flexível e integrada à economia mundial quanto for possível?, disse Greenspan.

Xiaochuan disse ainda que as expectativas criadas sobre a flexibilização do iuane são excessivas. ?Se houver muitas expectativas para o iuane e tudo for colocado em nossos ombros, isso não será bom.?

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