A economia chinesa é maior do que se acreditava e poderá ultrapassar os Estados Unidos neste ano para se tornar a maior do mundo, se medida pela Paridade do Poder de Compra (PPP na sigla em inglês), critério que considera diferenças de preços e permite fazer comparações entre o PIB de diferentes países. Estudo divulgado nesta quarta-feira mostra ainda que a Índia superou o Japão e é a terceira maior economia mundial desde 2011, quando é utilizado o mesmo parâmetro.

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Mais amplo e detalhado levantamento estatístico do tamanho dos PIBs mundiais, o Programa Internacional de Comparação 2011 revela uma radical transformação do cenário internacional desde sua edição anterior, divulgada em 2005, com o aumento do peso relativo dos países emergentes.

Em 2005, a China tinha uma economia que era equivalente a 43% da americana. Em 2011, a relação era de 87%. Se o resultado de 2011 for projetado para 2014 com base nos índices de crescimento registrados desde então, é possível que a China se torne a maior economia do mundo ainda neste ano.

O cálculo do PIB de acordo com a PPP é complexo e a projeção terá de ser confirmada por cálculos posteriores, mas o estudo divulgado nesta quarta-feira mostra que a mudança na liderança econômica global será mais rápida do que se esperava. Projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicavam que o PIB chinês medido pela PPP só se tornaria o maior do mundo em 2019.

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Criado pela Organização das Nações Unidas no âmbito do Banco Mundial, o Programa Internacional de Comparação é a principal instituição encarregada de definir o tamanho real das economias. Seus estudos são publicados com periodicidade de seis anos e são usados por outros organismos multilaterais, entre os quais o FMI.

Divulgadas antes do novo estudo, as estatísticas do Fundo mostravam que a economia chinesa medida pela PPP era de US$ 11,189 trilhões em 2011, o que representava 72% do PIB americano daquele ano. Os dados corrigiram o valor para US$ 13,50 trilhões – 87% da economia dos EUA. O porcentual é o dobro do que havia sido registrado no levantamento anterior do Programa Internacional de Comparação, feito em 2005.

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A Índia também quase duplicou seu PIB como proporção do americano nesse período, para 37,1%, o que a colocou à frente do Japão, cuja economia representava 28,2% da dos EUA em 2011. O Brasil cresceu cerca de um terço, de 12,8% para 18,1%.

Se realmente assumir o primeiro lugar em 2014, a China voltará a ocupar a posição que teve durante grande parte da Era Cristã, até o início do século 19. Para os Estados Unidos, a mudança representará a perda da liderança detida desde 1872.

Mas em termos nominais, a alteração no ranking vai demorar muito mais para ocorrer. As projeções do FMI vão até 2019 e mostram que a economia chinesa daquele ano será de US$ 14,84 trilhões, o equivalente a 67% da americana.

Apesar do crescimento das últimas três décadas e meia, a China ainda tem uma renda per capita inferior à média global, mesmo quando medida em PPP. O indicador chinês representa um quinto dos US$ 50 mil obtidos pelos americanos. O Brasil aparece um pouco acima da média mundial, de US$ 13,46 mil.

O cálculo do Programa Internacional de Comparação leva em conta o poder de compra de moedas nacionais dentro de seus países. Os preços de bens e serviços tendem a ser mais altos nos países ricos, o que significa que o mesmo dólar pode comprar mais coisas em economias mais pobres.

A PPP elimina essas diferenças de preços, o que em geral aumenta o PIB dos países menos desenvolvidos, já que US$ 1 tem maior poder de compra nessas economias do que nos países ricos. O estudo divulgado ontem abrange 199 países e, segundo seus autores, é a mais ampla base de dados de preços e PIBs do mundo.

A análise é feita com base em uma cesta de bens e serviços comparáveis. As diferenças de preços levam à criação de índices, que são usados para converter os valores domésticos em preços internacionais, expressos em dólares. Com 113,4, o Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento com um índice de preços superior a 100, o que significa que seus preços são superiores aos da economia usada como referência – no caso, a dos Estados Unidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.