O governo da China emitiu uma resposta equilibrada nesta quinta-feira à nomeação pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de um cético sobre o comércio com os chineses para monitorar a política comercial e industrial norte-americana. “A China, como todos os outros países, está observando atentamente a direção política que os EUA irão tomar”, afirmou uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em Pequim. “A cooperação é a única escolha correta para os dois lados.”

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Trump nomeou na quarta-feira Peter Navarro como diretor do Conselho Nacional de Comércio, um órgão recém-criado da Casa Branca. Navarro, assessor de campanha de Trump e professor da Universidade da Califórnia, sustenta que o acesso da China à Organização Mundial de Comércio (OMC) em 2001 cortou pela metade o crescimento econômico dos EUA e custou ao país 70 mil empregos no setor industrial.

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Navarro defende que os EUA e seus aliados reduzam fortemente as importações da China para tirar da potência asiática recursos e assim conter o avanço militarista chinês. Em seu mais recente livro, o professor argumentou que, caso isso não seja feito, “nós só poderemos culpar a nós mesmos quando as balas e mísseis começarem a voar”.

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A nomeação de Navarro e as ameaças da equipe de Trump de denunciar a China como manipuladora do câmbio e também de elevar tarifas contra o país geram críticas também fora dos círculos oficiais da China. A professora Cheng Dawei, da Universidade da China, diz que a retórica da equipe do empresário republicano é baseada “em ideias erradas”. Na avaliação dela, porém, a China “não dará o primeiro passo”. A professora acredita que a China aproveita esse tempo antes do novo governo para coletar evidências e usá-las, se necessário, em medidas comerciais retaliatórias contra os EUA. “A China agora está preparando algumas armas”, afirmou.

“Este é o estilo da China, não anunciar, mas simplesmente fazer”, disse Gary Hufbauer, ex-funcionário do Tesouro dos EUA e hoje pesquisador no Peterson Institute for International Economics.

Especialistas dizem que entre os alvos prováveis da China podem estar aeronaves da Boeing e exportações agrícolas de Estados do Meio-Oeste. Pequim também pode pressionar multinacionais como a General Motors, que depende da China como seu maior mercado de vendas.

Em retaliação, a China pode impor também barreiras informais, como fazer alegações de saúde contra produtos norte-americanos que são muito técnicas e difíceis de conter na OMC, mas prejudicam exportadores. Os próprios EUA, a Europa e o Japão usam barreiras similares.

Economistas advertem, porém, que disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo prejudicariam os dois lados. “Mesmo se companhias dos EUA voltarem ao país, isso não significa que os empregos da indústria voltarão, já que as companhias usarão automação para economizar”, disse Cheng. Para ela, a política defendida por Navarro “é contrária à tendência econômica mundial”. Fonte: Dow Jones Newswires.