A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Hua Chunying disse nesta terça-feira, 21, em Pequim que a China adotou medidas “preventivas e temporárias” para garantir a segurança dos consumidores chineses, conforme reportagem da emissora de TV chinesa CCTV. “Esperamos que o Brasil possa lançar investigações rigorosas seguindo o princípio de ser aberto e transparente e que notifique a China sobre os resultados”, afirmou Hua. “Esperamos que o Brasil possa tomar medidas mais rigorosas para garantir a segurança dos produtos alimentícios que exporta para a China. A China e o Brasil são importantes parceiros comerciais.”
Segundo a porta-voz do ministério, a China está “preocupada com a questão da qualidade dos produtos de carne do Brasil”.
A indústria de carne do Brasil sofreu um revés com as revelações da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, de irregularidades na fiscalização de carnes entre frigoríficos e fiscais agropecuários, o que causou reação em vários mercados. “Esperamos que os dois países possam melhorar as comunicações e a coordenação e solucionar conflitos em tempo hábil na base da igualdade e do benefício mútuo, para garantir o desenvolvimento saudável e estável da cooperação econômica entre China e Brasil”, afirmou a porta-voz.
O ministério da Agricultura informou na segunda-feira que a China suspendeu o desembarque das carnes importadas do Brasil e pediu esclarecimentos ao governo brasileiro sobre a Operação Carne Fraca. Na segunda à noite, o ministro Blairo Maggi fez uma videoconferência com autoridades chinesas para prestar esclarecimentos.
A expectativa do governo brasileiro é de que a China retome em breve o desembaraço das remessas brasileiras de carne, após as explicações dadas às autoridades sanitárias chinesas. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Luiz Rangel, os chineses queriam compreender melhor se os problemas detectados na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, eram corrupção de agentes públicos ou de saúde pública.
“Deixamos muito claro que não há risco à saúde”, disse o secretário. Os chineses pediram essa garantia em um documento, que lhes será enviado ainda nesta terça.
O Brasil tem 58 plantas autorizadas a exportar para a China. Dessas, apenas uma está autoembargada pelo governo brasileiro: a planta da Seara (JBS) em Lapa (PR), que será visitada logo mais pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi.