China continua rejeitando soja brasileira

A China não aceitou receber, ontem, um carregamento de grãos de soja do Brasil, aumentando o número de embarques rejeitados desde o último dia 19 de maio, devido a um fungicida presente em quantidade excessiva na carga, indicaram analistas em Washington. Pequim proibiu a entrega de 23 fornecedores, entre eles ADM, Cargill e Dreyfus. Mas, segundo Victor Lespinasse, analista da AD Edwards, a Wilmar, empresa com sede em Hong Kong e “ligada ao governo chinês”, continua autorizada a entregar soja brasileira à China.

Esta situação gerou especulações no mercado de Chicago, segundo as quais os processadores de soja chineses estariam enfrentando graves problemas financeiros, após terem feito compras a preços altos, há dois meses. Além disso, a demanda interna de soja “deixa a desejar”, disse Lespinasse. “Compraram muito, e agora estão perdendo muito dinheiro e não querem cumprir suas obrigações contratuais”, resumiu. “Cremos que o governo chinês tenta ajudar os processadores rejeitando os grãos de soja caros”, acrescentou.

“O mercado sente que eles tentam evitar pagar o alto preço dos grãos de soja comprados há dois meses, quando o mercado estava no patamar mais alto”, indicou Rich Nelson, analista da corretora Allendale, que calcula o prejuízo dos fornecedores em quase 1 bilhão de dólares.

O ministro da Agricultura brasileiro, Roberto Rodrigues, estimou que o impasse poderia ser solucionado esta semana, mas o projeto de enviar uma equipe de autoridades agrícolas à China foi suspenso, segundo a versão oficial, devido a um problema de coordenação da agenda das autoridades de ambos os países, indicou a Allendale.

Reunião

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, convocou representantes da cadeia produtiva da soja para uma reunião hoje, a partir das 14h30, na sede do ministério, em Brasília. O objetivo é subsidiar a missão que está indo à China para negociar o fim do embargo da soja brasileira. O secretário de Defesa Agropecuária, Maçao Tadano vai presidir a reunião.

Participam do encontro, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) e Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Também foram convocados representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Itamaraty e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

No final da tarde, às 17h30, o grupo apresentará as conclusões da reunião ao ministro Roberto Rodrigues.

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