Um dia após as autoridades chinesas abrirem uma zona de livre comércio em Xangai, o governo anunciou quase 200 restrições para investimento estrangeiro, o que pode deixar a iniciativa bem menos atrativa para empresas globais.
A lista foi publicada no site do governo de Xangai na segunda-feira. Com cerca de 10 páginas, as restrições referem-se ao envolvimento estrangeiro de diferentes tipos de indústrias, de finanças ao setor imobiliário, entretenimento e mídia.
O governo divulgou sua chamada lista negativa – áreas que estão fora dos limites para o investimento estrangeiro. O uso de uma lista negativa havia sido apontado por muitos analistas como uma mudança importante no processo de formulação de política econômica. A ideia é: qualquer coisa que não seja especificamente proibida será permitida, em vez de obrigar as empresas a obterem autorização específica.
A mudança, em tese, deve limitar o poder dos reguladores da China, que às vezes tentam proteger o poder de oligopólio de empresas estatais em setores como energia, telecomunicações e finanças.
O economista Chen Bo, da Shanghai University of Finance and Economics, que é um consultor para o governo local sobre a zona de livre comércio, disse que a lista foi elaborada de forma a dar aos burocratas ampla latitude para aplicar as restrições.
A lista refere-se apenas para o resto deste ano, e as autoridades dizem que ela será revista em 2014, dando a Pequim a oportunidade de reduzi-la.
Um site do governo central chinês disse nesta segunda-feira que dentre os 1.069 setores da economia, menos de um quinto está sujeito a restrições e que a lista poderia ser modificada no futuro.
“A partir de uma análise detalhada de indústrias na lista negativa para a zona de livre comércio, fica claro que a China é sincera sobre a abertura ao investimento estrangeiro”, disse o comunicado.
Analistas disseram que as autoridades estão tentando minimizar a possibilidade de a zona se tornar alvo do setor imobiliário, ressaltando que lista proíbe empresas estrangeiras de construírem de moradias de luxo no local. Eles disseram que algumas incorporadoras nacionais estariam interessadas nesse negócio.
A zona de livre comércio, formalmente chamada Zona de Livre Comércio Piloto da China (Xangai), foi originalmente aprovada em julho. Na sexta-feira, o governo lançou um plano geral de liberalização em vários setores e, em seguida, no domingo, anunciou formalmente a zona de livre comércio. Fonte: Dow Jones Newswires.