Negociação

Chegou a hora de comprar o material escolar

Passada a euforia das festas de fim de ano os pais já encaram outra maratona de compras: a do material escolar. As escolas já passaram a “tarefa” e os pais estão quebrando a cabeça para fazer a conta.

Entre o que está listado e a grana disponível para as compras há toda uma negociação que começa no que está sendo pedido, passa pelo apelo dos filhos e esbarra saldo bancário.

“Minha sorte é que a minha mãe é dona de um loja especializada em material escolar…senão gastaria pelos menos mais R$ 250 com a lista, sem falar no uniforme”, conta o jornalista Marcio Barros, pai de Mariana, de 9 anos e Luiza, de 5.

A avó delas, Marlete Barros, recebeu a lista das meninas que vão para a 4ª e 1ª série antes de começar o ano e, como presente de Natal, deixou que elas escolhessem os produtos à vontade, incluindo os licenciados – com personagens de desenhos animados e filmes. Privilégio que a maioria das crianças não tem, mas que é o sonho de consumo de todos os estudantes.

Senha e banco na porta

Nesse ano a Cantinho das miudezas inovou. A loja de Marlete, que completa 19 anos no bairro Fazendinha, atende os pais de 46 colégios e, para organizar a fila que se forma na rua, a empresária investiu em equipamentos.

Comprou uma máquina de senha igual a de banco, um banco igual ao que se vê nas praças, um filtro para servir água aos clientes e um ventilador para dar um pouco mais de conforto aos funcionários: dois fixos, seis temporários e as noras, que também são recrutadas nessa época.

“É o meu Natal. Nessa época eu trabalho até 18 horas por dia e isso me banca o ano todo. Se mais pra frente tiver uma crise, parte do que ganho agora, em janeiro e fevereiro, vai estar guardado para me salvar”, explica a empresária, que também vende uniformes e para dar conta do movimento contratou mais duas bordadeiras, duas serigrafistas e 5 costureiras. “Essa época é uma loucura. Minhas três funcionárias da costura não dão conta, então eu reforço o time para a gente entregar tudo. Eu e elas trabalhamos até nos domingos. Hoje por exemplo (ontem) estou cortando tecido. Faço questão de cortar eu mesma os uniformes e só depois levar para as costureiras”, gaba-se Marlete.

Na loja os pais podem pedir, sem custo extra, um uniforme sob medida para os filhos que são muito altos, mais gordinhos ou até mesmo com duas barras pra dar conta da fase de crescimento dos filhos.

Também há kits prontos do jeitinho que pede a lista: com cadernos encapados e etiquetados, canetas, emborrachados, sulfite, lápis de cor. Num kit assim a lista de um aluno que vai entrar no primeiro ano de uma escola municipal sai por R$ 56. O valor pode triplicar se a escolha recair sobre os produtos mais caros, os de marca famosas e que estampam personagens.

“Não uso o mais barato e nem tem os produtos mais caros. Fica na média, mas tem tudo que a escola quer e que o pai não vai sofrer para pagar”, diz a lojista, que começou a receber as encomendas dos kits antes mesmo de o ano de 2009 ter acabado.

“Muitos pais já passaram aqui para saber se terei os kits nesse ano e eu, em dezembro, já me preparei. Mandei pilhas e mais pilhas de cadernos para as duas famílias que trabalham encadernando e etiquetando eles pra gente”, contou.

Voz da experiência

Mãe, avó e lojista, Marlete dá algumas dicas para quem precisa economizar no material. Apesar do apelo comercial e do fascínio que um material completamente novo causa, reaproveitar o quanto for possível do ano anterior é o primeiro passo para quem quer gastar menos na volta às aulas.

Para não deixar os pequenos decepcionados, ela sugere negociar com os filhos sobre o que vai ser substituído. Assim, itens como dicionários, réguas, compassos e estojos podem ser facilmente reaproveitados, bastando apenas serem higienizados.

Outra dica é comprar, antes das aulas, apenas o que for estritamente necessário. Depois, quando o ano letivo começar, comprar o que faltar. É que, após o início das aulas, os preços costumam cair nas papelarias.

“Se puder, evite trazer a criança para comprar. É muita tentação para eles&rdquo,;, diz Marlete, que termina enfatizando que, nessa época, pesquisa de preço e paciência são fundamentais.