Para o superintendente de Planejamento e Pesquisa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fabio Giambiagi, o desembolso do banco no primeiro semestre e, em particular, a liberação de recursos para a indústria, retrata o “fundo do poço”. “Houve um retrocesso ao longo dos últimos anos, que chegou ao seu piso neste ano. O retrato, usando a velha metáfora, é o fundo do poço. Chegamos a uma situação que espero que, a partir do ano que vem, gere uma reversão”, afirmou, em coletiva de imprensa na qual divulgou liberação de R$ 33,48 bilhões de janeiro a junho, queda de 17% comparado a igual período de 2016.
Para a indústria, a queda foi ainda maior, de 42%, o que fez com que o nível de desembolso do setor alcançasse patamar equivalente ao de meados dos anos 90.
Num segundo momento, porém, voltou a comentar o atual cenário dos investimentos, que afetam diretamente o desempenho do banco. Mas, desta vez, com um tom mais ameno. “Neste sentido, me referi à expressão fundo do poço, que espero que seja algo que estejamos deixando para trás. Há elementos que permitem afirmar que o pior já passou”, destacou.
Sobre os efeitos da crise política, a partir das denúncias contra o presidente Michel Temer (PMDB), em maio deste ano, Giambiagi afirmou que o banco chegou a sentir alguns sinais negativos no seu dia a dia, mas que tem a impressão de que “aos poucos, o ritmo normal começa a ser retomado”. “Aqui no BNDES tivemos alguns sinais, reuniões que iriam acontecer e, aí na semana seguinte, ficamos sabendo de desmarcações à espera do que ia acontecer”, afirmou.
“Estamos vivendo a possibilidade de um pleito eleitoral no ano que vem com inflação entre 3% e 4% e taxa de juros entre 7,5% e 8%, isso é algo que é uma conquista do País e reflete uma estabilidade que é muito bem-vinda e ensejará condições para uma recuperação da economia brasileira a partir do ano que vem”, disse Giambiagi, para quem o Produto Interno Bruto (PIB) fechará o ano de 2017 com crescimento de zero a 0,5%.