Chávez deve cobrar de Lula investimento da Petrobras

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deve cobrar nesta sexta-feira (27) do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que visita a capital Caracas, investimentos prometidos pela Petrobras na exploração do poço petrolífero Carabobo 1, na faixa do Rio Orinoco. Representantes da estatal venezuelana PDVSA (Petróleo de Venezuela SA) reclamam que a Petrobras tem atrasado a assinatura do acordo de uma parceria para explorar o campo de petróleo, que inclui a construção da refinaria Abreu e Lima, no Porto de Suape em Pernambuco.

As negociações entre as duas estatais de petróleo, iniciadas em 2005, previam a formação de uma empresa mista para operar o poço de Carabobo e outra que controlaria a refinaria de Suape. Até agora, o único avanço foi a garantia, sem assinatura de contrato de que a Petrobras ficará com 60% do controle da refinaria e a PDVSA com 40%, num projeto orçado em US$ 4 bilhões. Os venezuelanos não aceitam que a estatal brasileira adie, em especial, a definição dos porcentuais de controle da empresa que vai explorar no Orinoco. A Petrobras, nos últimos meses, teria dado mostras de que pretende priorizar investimentos no litoral paulista.

A pressão dos venezuelanos para que a Petrobras agilize o acordo de exploração no Orinoco foi sentida nesta quinta (26) pelos diplomatas brasileiros que organizam a visita de Lula a Caracas. Pelo que ficou definido com o cerimonial de Hugo Chávez, a reunião dos dois presidentes seria no Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano. Mas, no início da tarde, assessores de Chávez divulgaram que parte do encontro será na sede da PDVSA, também no centro de Caracas.

Em viagens neste ano a Recife e a países vizinhos, o presidente Lula reclamou em público dos dirigentes das duas estatais, que não conseguem pôr em prática acordos políticos entre os dois governos. Em maio, num encontro em Lima com o presidente peruano Alan Garcia, Lula aumentou o tom da reclamação. "Quando a Petrobras e a PDVSA se sentam para conversar há um descontrole total", disse.

Auxiliares de Chávez, porém, têm demonstrado desconfiança da posição de Lula. A "resistência" da direção da Petrobras em acatar determinações políticas de Lula é questionada pelos venezuelanos. A assinatura do acordo entre as duas companhias já foi adiada duas vezes. Em março, em Recife, Lula reclamou do pessimismo da imprensa. Já Chávez acusou jornalistas de serem "quinta colunistas".

Oficialmente, o governo brasileiro afirma apenas que a visita de Lula a Caracas desda sexta tem como um dos objetivos "analisar o andamento das negociações" entre as duas estatais. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, acompanha Lula na viagem. A comitiva brasileira ainda é formada pelos ministros Nelson Jobim (Defesa), Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Edison Lobão (Minas e Energia) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos).

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