O custo da cesta básica subiu pelo quinto mês seguido em Curitiba. Em maio, a alta foi de 3,18%, puxado sobretudo, pela batata e pelo tomate. Também a elevação do pão e da farinha de trigo contribuíram para o índice. No ano (janeiro a maio), a cesta já acumula aumento de 13,62% – é a maior alta no período desde 95. Em maio, todas as 16 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) registraram aumento do custo da cesta.
Dos 13 itens que compõem a cesta básica em Curitiba, seis tiveram elevação nos preços e sete, queda. A batata e tomate foram os itens que mais pesaram no bolso do consumidor, com aumento de 15,43% e 12,64%, respectivamente. Caso o preço dos dois produtos tivesse permanecido estável, a variação em Curitiba teria sido de 0,97% e não 3,18%. A elevação dos dois itens ocorreu em nível nacional, nas 16 capitais pesquisadas pelo Dieese.
De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, os dois produtos têm subido especialmente por conta da questão climática, sobretudo no Estado de São Paulo. ?No caso da batata, houve um atraso da colheita em função do clima. A seca também influenciou a região de Guarapuava, segunda maior produtora de batata?, apontou o economista. Com o aumento, o preço médio do quilo passou de R$ 1,88 para R$ 2,17. No ano, a batata já acumula aumento de 104,72%. Já o preço médio do tomate passou de R$ 1,82 o quilo para R$ 2,05 e, no ano, o produto já subiu 70,83%.
A alta da farinha de trigo (8,51%), segundo o economista, aconteceu em função da quebra de produção no Paraná no ano passado e o aumento significativo do trigo argentino – principal exportador para o Brasil. O resultado foi o aumento no preço do pãozinho, mas em patamares bem superiores ao esperado. ?Se fosse para repassar apenas o aumento da farinha de trigo, o pão teria que ter subido 3,40% e não 8,83%?, apontou Sandro Silva. Segundo ele, tamanha elevação só pode estar relacionada ao aumento da margem de lucro.
Na outra ponta, influenciaram negativamente a cesta básica o arroz e o óleo de soja, com queda de 8,82% e 4,08%, respectivamente. Das 16 capitais pesquisadas pelo Dieese, Curitiba foi a que apresentou a maior queda. O preço do produto caiu ainda em outras nove capitais. No caso do óleo de soja, Curitiba registrou a terceira maior queda – 11 capitais tiveram redução. A cotação no mercado internacional e a questão cambial são apontadas como as principais influências nestes dois produtos. ?O preço do arroz acabou baixando no mercado internacional e incentivando a importação?, explicou Silva.
Quarta menor
Na comparação com outras capitais, Curitiba registrou em maio a quarta menor variação no custo da cesta básica (3,18%). A maior ficou com Brasília (8,93%) e a menor, Goiânia (0,42%). Quanto ao valor, Curitiba fechou a cesta a R$ 177,15 – a sexta mais cara do País, atrás de Porto Alegre (R$ 189,12), São Paulo (R$ 188,63), Brasília (R$ 186,78), Belo Horizonte (R$ 180,36) e Rio de Janeiro (R$ 179,82).
Para uma família curitibana, composta por um casal e duas crianças, o custo da alimentação essencial foi de R$ 531,45. Segundo o Dieese, o salário mínimo necessário para atender necessidades básicas como moradia, alimentação, saúde, educação, lazer, vestuário, transporte e previdência social, deveria ser de R$ 1.588,80.
No ano, a cesta básica de Curitiba já acumula aumento de 13,62% – muito acima da inflação do período, estimada em 3,40%. Também é a maior variação desde 1995, quando a variação foi de 15,55%.