Cesta básica teve maior alta do ano em setembro

Com aumento de 4,37% em setembro, a cesta básica de Curitiba apresentou a maior alta do ano. Desde outubro do ano passado (5,85%) não era registrado um percentual tão elevado. No mês passado, a alimentação básica para o trabalhador curitibano custou R$ 135,43, o terceiro maior valor e a quarta maior variação entre as dezesseis capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Treze capitais tiveram incremento na cesta no último mês. Em 2002, o custo da alimentação essencial na capital paranaense subiu 3,64%. Nos últimos doze meses, o acumulado é de 12,55%.

O índice de setembro ficou 3,83 pontos percentuais acima da variação da cesta em agosto (0,54%). Dos treze itens que fazem parte da cesta, sete tiveram aumento de preço em Curitiba no mês passado. A alta foi pressionada pelo tomate (47,86%), arroz (12,87%), óleo de soja (10,95%), farinha de trigo (8,62%), café (6,27%), carne (5,49%) e pão (0,91%). Tiveram redução: banana (-14,75%), batata (-10,38%), manteiga (-4,59%), feijão (-3,44%), leite (-2,99%) e açúcar (-2,38%).

De acordo com os técnicos do Dieese, a elevação do preço do tomate foi motivada pelo período de entressafra e agravada pelo frio. “Nessa época, o Paraná é extremamente dependente da safra paulista, que também foi afetada pelas geadas”, comentou Miguel Gawloski, coordenador do Dieese. O aumento do arroz não surpreendeu, já que sazonalmente ocorre em função da entressafra.

Já o óleo de soja, farinha de trigo, café e pão tiveram influência direta da desvalorização cambial, aliada à entressafra, aumento de cotações internacionais e quebras da safra americana de soja e de trigo no Brasil. “No Paraná, houve quebra de 32% na safra de trigo por causa das secas e geadas”, destacou Gawloski.

Segundo ele, a queda no preço da banana, além da entressafra, está atrelada à queda na renda do trabalhador e à concorrência de outras frutas com preços mais atraentes, como laranja, pêssego e pocan. Já a diminuição da batata é atribuída ao início da safra de inverno em São Paulo e Minas Gerais.

Cenário

Para outubro, a expectativa dos técnicos do Dieese é de novo aumento no valor da cesta, porém em patamar inferior ao verificado em setembro. “Até junho, os alimentos contribuíram para reduzir a inflação, com queda de 4,6% em Curitiba. De julho a setembro, pressionados pela cotação do dólar e pela entressafra agrícola, já aumentaram 8,65%”, apontou o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese.

“Os preços estão muito instáveis em função da desvalorização do real, que afeta de forma direta as commodities agrícolas e combustíveis -que só não sobem agora por causa das eleições – e se reflete nos demais preços da economia”, considera. Para o final do ano, espera Cordeiro, a pressão dos alimentos na inflação pode diminuir, caso se confirme a perspectiva de queda na cotação do dólar.

Salário mínimo

O salário mínimo necessário em setembro de 2002 deveria ser de R$ 1.247,97. Este valor é calculado pelo Dieese conforme estabelece a Constituição, em seu artigo 7, capítulo IV: “capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social”. No último mês, a cesta básica consumiu 67,72% do salário bruto de um trabalhador curitibano que recebia um salário mínimo, ou seja, R$ 4,51 por dia de trabalho ou 148h58 de uma carga horária estipulada em lei de 220h.

Exportação em queda

Olavo Pesch

De janeiro a julho, os principais produtos alimentícios exportados pelo Paraná acumulam queda de 32,43% em relação a igual período de 2001, passando de U$ 1,575 bilhão para U$ 1,064 bilhão. Nesse período, as exportações totais do Estado caíram 19,09% e as importações, 37%. “O desempenho só não é pior por causa da safra boa e do aumento da produtividade agrícola”, considera o economista Cid Cordeiro, do Dieese, lembrando que a partir de 2000 a indústria de alimentação alavancou os negócios com o exterior e abriu mercados devido à desvalorização do real.

“Nesse ano ficou muito produto estocado, mas agora as vendas começam a retomar. Isso se reflete positivamente nas contratações e exportações”, assinala Ernane Garcia Ferreira, presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação do Paraná. “Nos próximos meses, deve aumentar o número de horas extras e a produção”, observa.

Maior empregador

Em julho, o setor abriu 749 vagas, sendo 61% no interior. Com 91.972 empregos (84% no interior), a indústria de alimentação é o maior empregador do Estado, com 23% do emprego industrial. De janeiro a julho, houve expansão de 8,32% nas vagas, representando 7.062 vagas. Em julho, a produção da indústria de alimentação cresceu 0,89% sobre junho, mas acumula quedas de 7,82% em relação a julho de 2001 e de 1,85% no acumulado do ano. No valor adicionado, a indústria de alimentos é a terceira maior do Paraná, atrás de química e material de transporte. Em 85, liderava o ranking.

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