Cesta básica subiu menos que a inflação em 2003

Com alta acumulada de 4,61% em 2003, a cesta básica de Curitiba apresentou variação inferior à inflação, que fechou o ano em 7,51% – de acordo com o IPCA-E, calculado pelo IBGE. No ano retrasado (2002), a cesta subiu 16,46% e a inflação foi de 12,45%. Com a variação de 0,03% em dezembro, a cesta da capital paranaense fechou o ano como a terceira mais cara do País. Custando R$ 159,19, ficou atrás de Porto Alegre (R$ 169,10) e São Paulo (R$ 164,79). A mais barata foi a de Fortaleza (R$ 127,74).

Entre as dezesseis capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), seis tiveram queda em dezembro e a de Vitória ficou estável. A maior alta ocorreu em Recife (1,65%) e a maior queda em Brasília (-3,10%). No ano, os maiores aumentos foram registrados em Fortaleza (6,99%), Rio de Janeiro (6,46%) e João Pessoa (6,04%). Curitiba aparece em quinto lugar. Desde 2000, quando os alimentos básicos subiram 5,08% e o IPCA-E somou 7,38%, a cesta não apresentava variação abaixo da inflação na capital paranaense. Em 2001, a cesta aumentou 19,78% para uma inflação de 7,95%.

Na avaliação do economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese, dois fatores contribuíram para o custo da cesta ficar abaixo da inflação: a taxa de câmbio e a safra agrícola. ?Com a expectativa de câmbio estável e do aumento da safra, os alimentos devem voltar a ter variação abaixo da inflação e pressionar menos o orçamento das famílias em 2004, principalmente as de baixa renda, para quem os alimentos têm peso maior?, aponta.

Produtos

A elevação de 0,03% na cesta curitibana em dezembro foi pressionada pelas elevações na carne (8,91%), arroz (3,61%) e óleo de soja (3,08%). Segundo Cordeiro, a alta da carne, que normalmente ocorre entre setembro e outubro (na entressafra), nesse ano foi prejudicada pela queda na renda do trabalhador.

?Provavelmente os frigoríficos aproveitaram as boas exportações e o período de festas para elevar as margens?. O arroz apresenta recuperação de preços desde setembro, em função da quebra de safra no Rio Grande do Sul, maior produtor nacional. Já o café, conforme o economista, aumentou em virtude da elevação dos preços internacionais. Também houve alta no feijão (2,82%).

O preço do café não teve variação em dezembro. As maiores quedas, explicou Cordeiro, foram motivadas pelo período de safra: tomate (-14,58%), banana (-11,83%) e batata (-10,00%). Foi verificada redução ainda no preço do açúcar (-8,62%), manteiga (-6,74%), pão (-1,70%), farinha de trigo (-0,97%) e leite (-0,80%). No ano, os produtos que mais subiram em Curitiba foram: arroz (28,03%), banana (25,19%) e café (19,52%). Os itens com maior redução foram: batata (-30,10%), açúcar (-24,29%) e farinha de trigo (-22,29%).

De acordo com o Dieese, a refeição básica do curitibano ficou 12,7% mais cara em 2003, por causa dos aumentos do arroz (28,03%) e da carne (8,89%). Apenas o feijão baixou (-9,12%). O café da manhã encareceu 10%, em função das altas de 19,52% no café, 13,86% no leite e 1,25% no pão.

Salário

Pelos cálculos do Dieese, o salário mínimo necessário para o trabalhador seria de R$ 1.408,76. Este valor é apurado conforme a Constituição, que define o salário mínimo como capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família. Em dezembro de 2003, a cesta básica de Curitiba consumiu 71,82% do salário mínimo líquido – contra 82,39% em dezembro de 2002. ?Apesar da renda média ter caído 8%, o poder de compra do salário mínimo aumentou?, destacou Cordeiro. Com o novo aumento do salário mínimo em abril, para R$ 270 ou R$ 280, ele comenta que a tendência é reduzir ainda mais o comprometimento com a alimentação básica.

Em dezembro de 2003, era necessário trabalhar 145h55 de uma carga horária estipulada em lei de 220h para comprar uma cesta básica em Curitiba. Em dezembro do ano retrasado, quando a cesta custava R$ 152,18, era preciso trabalhar 167h24 para adquirir os alimentos essenciais.

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