O curitibano gastou 0,54% a mais com a alimentação básica em agosto. Neste ano, a cesta básica acumula deflação de 0,70%, mas nos últimos doze meses, houve alta de 7,43%. Das 16 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), 15 tiveram aumentos no custo da cesta no mês passado. Curitiba ficou em décimo quarto lugar nas variações, mas mesmo assim continua com a terceira cesta mais cara do País (R$ 129,76), atrás de Porto Alegre (R$ 139,14) e São Paulo (R$ 138,29). A mais barata é a de João Pessoa (R$ 107,84).
Dos treze itens que integram a cesta, nove tiveram aumento em Curitiba no último mês. A desvalorização cambial, queda do estoque mundial, aumento da cotação internacional e entressafra determinaram as altas de 14,47% na farinha de trigo e 8,81% no óleo de soja, explicou Miguel Gaw-loski, coordenador do escritório regional do Dieese. A elevação de 8,25% no pão francês foi decorrente do aumento da farinha, enquanto o açúcar subiu 6,33% devido à sazonalidade.
O preço da carne, que até julho vinha em queda, teve incremento de 3,44%, também influenciado pela entressafra. Os outros produtos que tiveram acréscimo de preço foram: banana (4,21%), feijão (3,11%), arroz (1,00%) e leite (0,96%). A maior queda ocorreu com o tomate (-18,18%), devido à entrada da safra goiana no Estado. A batata registrou redução de 11,67% por causa da safra de inverno e ingresso de produto de São Paulo e Minas Gerais.
“No ano passado, a alimentação aumentou quase 20%. Nos primeiros meses de 2002, houve queda, mas a tendência daqui para frente é de reversão da tendência de queda”, ressaltou o economista Sandro Silva, técnico do Die- ese. Segundo ele, carne, farinha de trigo, óleo de soja e pão tendem a continuar pressionando a variação positiva da cesta.
Salário
Em agosto, a cesta básica consumiu 70,25% do salário mínimo líquido do trabalhador curitibano, que precisou trabalhar 142 horas e 44 minutos de uma carga horária estipulada em lei de 220 horas apenas para comprar a alimentação básica. Para uma família de quatro pessoas (casal e duas crianças), o custo da ração alimentar essencial foi de R$ 389,28, sendo necessário 1,95 salário mínimo somente para satisfazer as necessidades do trabalhador e sua família com alimentação em agosto.
Pelos cálculos do Dieese, o salário mínimo necessário em agosto deveria ser R$ 1.168,92. Este valor é apurado conforme determina a lei que estabeleceu o salário mínimo, o Decreto-Lei 399, e o artigo 7, capítulo IV, da Constituição, que define o salário mínimo como “capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social”.