A cesta básica em Curitiba, composta por 13 itens, encerrou o mês de março com aumento de 5,11% – a terceira alta consecutiva. Com este resultado, os preços dos alimentos acumulam no ano (janeiro a março) aumento de 8,44%. No mesmo período do ano passado, a cesta apresentava deflação de 8,65%. Os dados fazem parte da pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR).
O tomate figurou, mais uma vez, como o vilão da cesta básica, com alta de 35,47%. Segundo o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, caso o preço do produto tivesse permanecido estável, a alta da cesta teria sido de apenas 0,79% em março, e não 5,11%. O aumento do preço do tomate – de R$ 2,34 o quilo, em média, em fevereiro, para R$ 3,17 no mês passado – surpreendeu o economista do Dieese-PR. ?Esse preço não deve se sustentar no médio prazo?, comentou.
A disparada do preço do tomate – em março do ano passado o quilo custava R$ 1,21 em média – se deve, segundo Silva, a problemas climáticos ocorridos na região Sudeste (fortes chuvas e temperatura elevada), que reduziu a oferta do produto. Além disso, o baixo preço pago ao produtor no ano passado reduziu a área plantada em nível nacional. O resultado foi a alta do preço do tomate nas 16 capitais pesquisadas pelo Dieese; o maior aumento (51,21%) ocorreu em Fortaleza.
A alta do preço da batata também ocorreu de forma generalizada: em oito das nove capitais pesquisadas, sendo que Curitiba registrou o menor aumento. Segundo Sandro Silva, apesar do aumento do produto – em fevereiro e março, o quilo da batata subiu 36,84% em Curitiba, passando de R$ 0,76 para R$ 1,04 – o patamar do preço ainda está baixo. Em março do ano passado, lembrou, o quilo da batata custava, em média, R$ 1,63 na capital paranaense.
No sentido contrário, o arroz e o óleo de soja registraram as maiores quedas nos preços. De acordo com o economista do Dieese-PR, a redução está atrelada ao período de safra. Dos 13 itens que compõem a cesta básica de Curitiba, sete registraram alta em março, cinco queda e um (açúcar) permaneceu estável.
Para abril, a variação da cesta básica é uma incógnita, afirmou Silva. ?Depende muito do preço do tomate. A gente espera que pare de subir?, comentou. Já os itens que devem continuar caindo são óleo de soja, café e feijão. ?O preço do café subiu muito em fevereiro?, afirmou, referindo-se à alta de 26,15% naquele mês.
Quinta mais cara
A cesta básica em Curitiba custou R$ 182,15 em março – a quinta mais cara do País. Quanto à variação, a alta de 5,11% foi a quarta maior, atrás de Fortaleza (9,42%), Rio de Janeiro (8,20%) e Aracaju (5,72%). O menor aumento ocorreu em Goiânia (0,29%).
Para uma família curitibana composta por um casal e duas crianças, o gasto com alimentos ficou em torno de R$ 546,33. Para o Dieese, o salário mínimo capaz de suprir necessidades vitais como moradia, alimentação, educação, saúde e outros, deveria ser de R$ 1.620,89.
Produtos de higiene e limpeza subiram 1,66%
Produtos de higiene e limpeza subiram 1,66% em março, conforme pesquisa realizada pelo Dieese-PR em parceria com a Federação dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do Paraná (Feaconspar). Os produtos de higiene foram os que mais subiram (2,70%), com destaque para o papel higiênico, com alta de 6%, do creme dental (14,28%) e do sabonete (5,99%). Por outro lado, produtos como bronzeador, shampoo e creme hidratante tiveram queda de 9,07%, 4,02% e 3,77%, respectivamente.
Entre os produtos de limpeza, que registraram alta de 0,16%, os destaques foram esponja de louça (4,57%), cera para assoalho (1,26%) e água sanitária (1,76%). No sentido contrário, houve queda no preço do sabão em barra (-2,55%). A pesquisa é feita em 16 supermercados de Curitiba.
Reajuste salarial
A pesquisa, além de servir como parâmetro para os consumidores, auxilia a Feaconspar e os sindicatos filiados a negociarem melhores salários. Segundo o presidente da Feaconspar, Manassés de Oliveira, foi fechado no último domingo acordo salarial com a Cavo. Os dois mil funcionários da empresa terão reajuste salarial de 6%, o que representa ganho real de 2,79%. Com isso, o salário médio passa dos atuais R$ 798,22 para R$ 846,11. Os funcionários da Cavo receberam ainda reajuste de 6,42% no vale refeição e 11,94% na cesta básica.
Em fevereiro, foram fechados acordos com as empresas Ecosystem, de Londrina e São José dos Pinhais, e Fossil Saneamento, de Londrina. O reajuste salarial para estes funcionários é também de 6%. Pela Convenção Coletiva dos Trabalhadores ficou definido reajuste salarial de 5,72% para a categoria. Em todo o Paraná, o setor emprega 49,3 mil pessoas.