Seguindo a tendência nacional, no último mês de dezembro o preço da cesta básica em Curitiba caiu 5,34%, em relação ao mês anterior. Entre 16 capitais pesquisadas, esta é a 3.ª maior queda. O valor da cesta, que chegou a R$167,98, faz a capital paranaense ocupar o 7.º lugar entre as mais caras. Considerando o acumulado no ano, também foi registrada baixa – de 5,05%.
Esta é a maior variação negativa verificada na cidade desde 1994. O custo reduziu e fez com que o poder aquisitivo do salário mínimo do curitibano – que também teve aumento real – aumentasse em relação à cesta básica. Em dezembro de 2005, o gasto com ?alimentação essencial mínima? consumia 58,97% do salário. Em dezembro de 2006 esse total baixou para 47,99%, o menor comprometimento desde 1996.
O custo e as variações da cesta básica em Curitiba e outras 15 capitais foram divulgados ontem, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Segundo o economista Sandro Silva, apesar da variação de dezembro de 2006 ter sido negativa (de -5,34%), dos treze itens que compõem a cesta básica apenas cinco apresentaram queda de preço, um (o leite) se manteve e os outros sete aumentaram. Entre os produtos com preço em queda, o economista destaca a batata (29,2% mais barata), o tomate (-28,83%) e a banana (-19,35%). Já entre as altas, Silva comenta a variação positiva de 10,19% no óleo de soja, 7,38% no arroz e 6,5% na farinha de trigo.
Sobre os itens que ficaram mais baratos – de acordo com a última pesquisa – o representante do Dieese no Paraná explicou que esses vinham registrando aumento, de setembro a novembro, e apesar de estarem em queda continuam com preço alto. A queda se explica por este ser – para batata, banana e tomate – período de início de safra, ou seja, de maior oferta. Ao contrário, Silva esclarece que as altas no óleo de soja, no arroz e na farinha de trigo se justificam, principalmente, por este ser o período de entres-safra para essas culturas, ou seja, de oferta reduzida.
Em relação ao ano de 2006, foram verificados sete meses de variação negativa e cinco meses de alta. ?Portanto, a queda registrada em dezembro segue a tendência do ano. Para os próximos meses, a tendência é que o preço da cesta bésica continue caindo?, afirma o economista do Dieese-PR. Ainda quanto ao acumulado no ano (variação de -5,05%), Silva destaca as três maiores quedas – a batata (-53,22%), o tomate (-33,89) e o feijão (-28,21%) – e as maiores altas – a farinha de trigo (25,66%), o arroz (22,14%), a banana (21,21%) e o açúcar (18,6%).
Capitais
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica do Dieese ainda registrou que, além de Curitiba, outras 12 das 16 capitais também tiveram variação negativa de preços. As retrações mais significativas, no acumulado do ano, foram verificadas em João Pessoa (-7,41%), Recife (-5,82%), Aracaju (-5,29%) e Curitiba (-5,05%). As três únicas altas aconteceram em Natal (3,53%), Goiânia (2,23%) e Belém (0,25%). Também nas outras 15 capitais, a maioria dos itens que compõem a cesta tiveram alta de preço. Assim como em Curitiba, os preços do arroz (até 35,42%, em Belém), do açúcar (até 32,95%, em Goiânia) e do óleo de soja (até 37,36%, em Fortaleza) subiram também nas demais capitais. O preço da carne subiu em quatorze capitais, chegando à variação de 13,53% em Porto Alegre.
Sobre o comportamento do último mês de dezembro, os quatro únicos aumentos no custo da cesta básica foram registrados em Fortaleza (2,82%), Goiânia (2,19%), Natal (2,13%) e Belém (0,44%). As quedas mais expressivas foram as de Florianópolis (-5.43%), Aracaju (-5,38%) e Curitiba (-5,34%).
Produtos de higiene e limpeza tiveram variação negativa
As negociações coletivas do setor de asseio e conservação do Paraná começam este mês. De acordo com o presidente da Federação dos Empregados nas empresas do ramo (Feaconspar), Manassés Oliveira, para a próxima data base, fevereiro, a categoria terá um instrumento a mais de discussão – a pesquisa de preço dos produtos de limpeza e higiene de Curitiba, realizada desde maio de 2006. No último resultado, divulgado ontem pelo Dieese-PR, nos oito meses (até dezembro de 2006), foi registrada queda de 4,18%, sendo que os itens de higiene tiveram variação negativa de 6,1% e os de limpeza, 2,18%.
?Baixa no preço dos produtos – ou seja, menor custo – significa reajuste maior no salário dos trabalhadores. Já vamos levar à mesa de negociações uma proposta que comece com margem de ganho real maior que 4,18%?, afirma Oliveira.
Segundo o Dieese-PR, no último mês de dezembro, os produtos de limpeza e higiene apresentaram aumento de 0,78% – Limpeza 2,37% e higiene -0,3%. Entre os itens de limpeza que ficaram mais caros, em relação a novembro de 2006, lideraram o sabão em barra (11,66%), a esponja de louça (7,89%) e o amaciante (5,31%). Nos itens de higiene, as quedas mais expressivas foram as do papel higiênico (-3,14%) e do sabonete (-3,05%). As altas que se destacam são do creme dental (5,67%), do desodorante (5,36%) e do bronzeador (5,17%).
O que chamou a atenção do economista do Dieese, Sandro Silva, foi as disparidades entre os maiores e menores preços. ?Não imaginávamos tanta diferença. Por isso reforçamos que é preciso pesquisar antes de comprar?, orienta. Entre os produtos de limpeza, os que apresentaram maior variação foram o Balde (180,72%), o rodo (162,29%) e o pano de chão (142,68%). Entre os produtos de Higiene, os que se destacam em maior variação são o shampoo (89,42%), o sabonete (76,92%) e o papel higiênico (73,06%).
Salário mínimo deveria ser de R$ 1.564, segundo o Dieese
Estudo divulgado ontem pelo Dieese apontou que o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ser de R$ 1.564,52 no último mês de 2006, para suprir suas necessidades básicas e da família. A constatação foi feita por meio da utilização da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de dezembro, realizada pela instituição em 16 capitais do País.
Com base no maior valor apurado para a cesta, de R$ 186,23, em Porto Alegre, e levando em consideração o preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para garantir as despesas familiares com alimentação, moradia, saúde, transportes, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência, o Dieese calculou que o mínimo deveria ser 4,47 vezes maior que o piso vigente, de R$ 350. Em novembro de 2006, o total necessário ficava em R$ 1.613,08 (4,61 vezes). Em dezembro de 2005, correspondia a R$ 1.607,11, o equivalente a 5,36 vezes o mínimo daquele período, de R$ 300.
Segundo o Dieese, a predominância de variação anual negativa no custo da cesta básica permitiu forte queda no tempo de trabalho necessário para que aqueles que ganham salário mínimo adquirissem os itens essenciais. Em dezembro de 2006, na média das 16 capitais pesquisadas, a compra dos produtos alimentícios de primeira necessidade exigiu o cumprimento de uma jornada de 98 horas e 12 minutos. Em igual mês, em 2005, era necessária a execução de 117 horas e 29 minutos para se obterem os mesmos bens. Em novembro de 2006, o tempo de trabalho necessário chegou a 100 horas e 29 minutos.
Quanto ao comprometimento do salário mínimo líquido (após o desconto da parcela referente à Previdência Social), o Dieese salientou também uma ?significativa redução?. Segundo a instituição, correspondeu, em dezembro último, a 48,33% do rendimento recebido pelo trabalhador que ganha salário mínimo, enquanto em dezembro de 2005 eram necessários 57,83% do menor valor então pago. Em novembro de 2006, exigiu 49,46% do rendimento.