O custo da alimentação básica em Curitiba apresentou em julho a maior alta do ano: 3,54%. Apesar da elevação dos preços, o acumulado no ano ainda é negativo em 1,23%, mas nos últimos doze meses houve aumento de 7,98%. No mês passado, a cesta básica subiu em quinze das dezesseis capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Curitiba apresentou a terceira maior variação, atrás de Vitória (4,67%) e Goiânia (4,60%). Custando R$ 129,06, a cesta da capital paranaense foi a terceira mais cara do País – menor apenas que a de Porto Alegre (R$ 137,44) e a de São Paulo (R$ 134,64).
Dos treze itens que integram a cesta básica de Curitiba, dez tiveram aumento em julho. O feijão foi o produto que mais subiu (15,82%), devido à entressafra. “A expectativa de safra foi revista para baixo, e o Paraná é dependente de outros estados”, comentou o economista Sandro Silva, técnico do Dieese. O acréscimo de 15,57% no óleo de soja foi motivado pela entressafra da soja, alta da cotação internacional e do dólar. Já o aumento de 14,40% no tomate também se deve à entressafra.
A desvalorização do real também impactou o valor do pão francês (5,57%) e da farinha de trigo (2,01%). Os outros aumentos foram verificados no café (5,14%), batata (3,45%), manteiga (2,61%), leite (2,10%) e açúcar (1,28%). Houve queda nos preços do arroz (-6,54%), banana (-4,88%) e carne (-0,29%), que historicamente costuma subir em julho.
Perspectiva
Para agosto, o Dieese projeta encarecimento da cesta básica. “O repasse imediato da desvalorização cambial ocorre no óleo de soja, farinha de trigo e pão. Outros produtos vão depender da continuidade desse patamar do câmbio”, assinalou Silva. Segundo ele, pode haver influência indireta em caso de reajuste de combustíveis, que elevaria os fretes e poderia ser repassado para o consumidor.
“Os alimentos devem ficar abaixo da inflação este ano, mas tem espaço para aumentar nos próximos meses porque estão com deflação. A pressão no preço dos alimentos e a desvalorização cambial – a verificar – podem trazer pressão inflacionária, mas é oportunismo os setores alegarem esse motivo para repassar custos agora”, destacou o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese.
Na avaliação de Silva, dois fatores colaboraram para o índice negativo acumulado em 2002: “No ano passado, a cesta aumentou muito em Curitiba – quase 20%, enquanto a inflação foi de 9,44%. Outro fator que influenciou nos últimos meses é o aumento do desemprego e a redução da renda do trabalhador”, disse.
Salário necessário
Pelos cálculos do Dieese, o salário mínimo necessário em julho de 2002 deveria ser R$ 1.154,63. Esse valor é obtido conforme determina a lei que estabeleceu o salário mínimo (Decreto Lei 399) e o artigo 7, capítulo IV, da Constituição, que define o salário mínimo como capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
