Depois de apresentar a primeira deflação do ano, em maio, a cesta básica voltou a cair, em Curitiba, em junho. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que divulgou ontem a pesquisa do último mês, o conjunto de produtos básicos ficou 2,72% mais barato na capital paranaense, e passou a valer R$ 227,14.

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A alta acumulada no primeiro semestre ficou em 7,22%. Nos últimos 12 meses, o índice é de 6,38%. A baixa de junho foi provocada principalmente pelo açúcar e pela batata.

Segundo o economista Cid Cordeiro, do Dieese, as duas baixas seguidas nos alimentos são importantes porque ajudam a pressionar para baixo os índices gerais de inflação.

Entre janeiro e abril, os itens da cesta básica tinham subido 12,68%. No mesmo período, a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingiu 2,65%, puxada pelos alimentos.

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A alta foi um dos motivos para o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentar a taxa de juros, pela primeira vez em mais de um ano e meio, no final de abril. Em junho, houve queda na cesta básica em 16 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese.

Curitiba teve a quinta menor baixa – a maior foi em Manaus (-5,14%) e a única alta foi em Goiânia (5,22%). São Paulo ultrapassou Porto Alegre e ficou com a cesta mais cara do País, que vale R$ 249,06. A mais barata continuou sendo a de Fortaleza (R$ 181,92).

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De acordo com Cordeiro, apesar de haver uma expectativa de nova alta nos alimentos em julho e agosto, devido ao clima mais rigoroso do inverno, a tendência para o segundo semestre é de estabilidade, pendendo até para baixa, nos preços dos produtos da cesta básica. “Ainda há margem para queda nos preços”, analisa.

Fôlego

Cordeiro explica que os preços da batata, que vinham aumentando até maio, “perderam o fôlego” em Curitiba. A chegada da época de safra é apontada como o principal motivo da queda em junho, que foi de 39,83%.

Ainda assim, o produto, que em maio teve alta de 4,24%, fechou o primeiro semestre com alta acumulada de 15,64%. Por outro lado, nos últimos 12 meses, os preços do item passaram a acumular queda, de 3,27%.

A safra também é uma das explicações para a terceira queda seguida (-11,76%, em junho) nos preços do açúcar. Outro motivo apontado pelo economista do Dieese são os preços internacionais, que estão em queda.

No entanto, o produto, que já tinha passado por baixas em maio (-4,74%) e abril (-2,93%), em Curitiba, ainda não teve compensada a alta do primeiro trimestre. No ano, o item ainda acumula alta de 3,17%. Em 12 meses, a variação é a mais alta entre os 13 produtos da cesta básica: 32,65%.

Outros cinco produtos pesquisados pelo Dieese tiveram baixa, em junho: o arroz (-5,41%), o óleo de soja (-1,94%), a farinha de trigo (-1,56%), o leite (-1,45%) e o feijão (-0,30%). Já os preços que mais subiram, no mês passado, foram os da banana (8,26%), tomate (5,33%) e manteiga (1,53%). A carne (0,62%), o pão (0,57%) e o café (0,17%) também ficaram mais caros.

Leite

Apesar da baixa em junho, o leite é o produto cujos preços mais aumentaram no ano. A alta, no primeiro semestre, é de 25,95%. Em 12 meses, porém, a variação acumulada ainda é negativa: -4,78%.

O segundo maior aumento no ano é no feijão (21,25%), que nos últimos 12 meses também encareceu (11,07%). A carne, que é o item com maior peso sobre a cesta básica, acumula alta de 8,01% no ano e 8,64% em 12 meses. Pressionado pelos preços internacionais, o óleo de soja é o produto que mais barateou no ano (-12,45%) e nos últimos 12 meses (-7,46%).