Curitiba teve, em outubro, a maior alta na cesta básica do País. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou ontem, o conjunto de produtos essenciais fechou o mês passado com um aumento de 5,78%, passou a valer R$ 231,96 e se tornou o terceiro mais caro entre as 17 capitais pesquisadas – posição que não era ocupada desde novembro de 2008.
Enquanto o tomate e a batata foram os vilões do mês, a carne, o feijão e o leite puxam a alta de 9,49% no ano. Para o economista Sandro Silva, do Dieese, a alta de outubro em Curitiba, apesar de ser a segunda seguida (em setembro, a variação ficou em 2,20%), deve ser relativizada.
“A cesta básica vinha em uma tendência de queda. Entre maio e agosto, houve baixa acumulada de 10,11%”, informa, lembrando que apenas uma capital pesquisada – Aracaju, com -0,67% – teve baixa em outubro.
Mesmo assim, também há motivos para preocupação: Silva afirma que a variação em 12 meses da cesta curitibana, que está em 7,10%, está acima da inflação, que no mesmo período deve ficar em 5,11%, conforme estimativa do Banco Central.
O economista diz que os produtos devem sofrer novas altas em novembro, e provavelmente vão fechar o ano com um aumento superior à inflação. De acordo com Silva, são duas as principais causas das recentes altas nos itens da cesta básica: uma delas é o clima.
“A estiagem afetou o plantio e a colheita de vários produtos”, explica. A outra é o mercado internacional, afetado pela quebra de safra de alguns produtos. Para o economista, como o Paraná sofreu bastante com o clima, isso refletiu na variação maior nos preços do que em outras capitais.
Em outubro, as maiores altas foram no tomate (23,03%), na batata (18,71%), na banana (14,79%), na farinha de trigo (9%) e no açúcar (7,56%). Nenhum dos produtos pesquisados teve baixa no mês.
Porém, os dois itens que mais subiram no mês passado são justamente os que têm as maiores baixas acumuladas desde janeiro: o tomate está 12,12% mais barato que no início do ano e a batata, 7,82%.
Feijão
Por outro lado, três produtos essenciais na dieta dos brasileiros estão com altas expressivas no ano. A maior é no feijão preto, que subiu 23,75%. O engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), explica que o produto vem, de fato, sofrendo oscilações ao longo dos anos.
“Os preços estavam bem altos em 2008 e muito baixos no ano passado. Agora estão passando por uma recomposição”, observa. Ele informa que, em 2010, a saca de 60 quilos de feijão preto já subiu 53%, para R$ 88,09. Na variedade carioca a alta é ainda maior: 128%, para R$ 127,55.
Já o item que tem maior peso na cesta básica, a carne, subiu 17,85% desde janeiro. O leite aumentou ainda mais: 18,35%. Para Silva, a questão climática, que afetou as pastagens, foi fundamental para os acréscimos.
No caso da carne, a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) informa que, além da estiagem, os rebanhos estão menores devido aos baixos preços pagos ao produtor entre 2008 e 2009. E também diz que o varejo está mantendo elevadas margens de lucro sobre o produto.