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Apesar da queda de dezembro, preço da batata registrou alta em 2004.

Ano de altos e baixos no custo da cesta básica em Curitiba, 2004 terminou com uma boa notícia: o índice acumulado no período foi negativo, de -2,35%. Desde 1995, quando a lista de preços básicos para a alimentação do trabalhador começou a ser divulgada, a capital paranaense só havia registrado variações negativas em 1996 e em 1998. O dado foi divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).

Acompanhando a tendência de queda dos últimos quatro meses, em dezembro, a variação foi de -1,69%. Os técnicos do Dieese viram com surpresa o índice no mês, já que uma alta era esperada por conta do preço da carne, que costuma ter um aumento no preço devido às festas de fim de ano. O produto teve variação de apenas 0,86%, o que, segundo o Dieese, não é expressivo. A batata, com uma variação de -18,46% (no acumulado do ano o produto aumentou 47,22%), e o tomate, com -9,09%, influenciaram o índice para baixo.

Desde setembro a capital paranaense tem quedas intensas no valor da cesta, fechando o período com -9,6%. Apesar disso, o índice oscilou bastante durante o ano, principalmente por causa da variação no preço do tomate e da batata, que agora, com o período de colheita das safras, têm grandes quedas no preço.

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A cesta básica em dezembro, em Curitiba, custou R$ 155,40. Para uma família formada por um casal e duas crianças, o custo foi de R$ 466,35. Cálculo do Dieese mostra que o salário mínimo necessário para suprir necessidades vitais básicas – moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, conforme determina a Constituição Federal -, deveria ser de R$ 1.468,08.

Brasil

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Em comparação com outras capitais pesquisadas pelo Dieese, em dezembro, o custo da cesta básica curitibana foi o sexto maior, atrás de Porto Alegre (R$ 174,75), São Paulo (R$ 172,20), Brasília (R$ 168,73), Rio de Janeiro (R$ 165,38) e Florianópolis (R$ 157,42). Já na variação, Curitiba registrou a segunda maior queda, atrás apenas de Belo Horizonte (-2,38%). Das 16 capitais pesquisadas, apenas quatro – Belo Horizonte, Curitiba, João Pessoa e Florianópolis – registraram queda em dezembro.

Das 16 capitais pesquisadas, dez cidades apresentaram elevação na variação medida em 2004, sendo que em três delas – Vitória (9,41%), Brasília (8,65%) e Goiânia (7,87%) – o aumento foi superior do que o Dieese registrou para o Índice do Custo de Vida (7,7%).

Impacto no salário

Segundo Sandro Silva, economista do Dieese-PR, a variação negativa no preço da cesta básica significa um aumento real no poder aquisitivo de quem recebe salário mínimo. "Somado ao aumento do valor do mínimo em 2004, o trabalhador curitibano teve um aumento de 8,33% no poder aquisitivo", explica. Ele acrescenta que com o próximo aumento do mínimo previsto para maio, somado à tendência de queda no valor da cesta, o impacto deve ser ainda maior em 2005.

Silva revela que a alimentação foi um dos grupos que puxou o índice de inflação em Curitiba em 2004, sendo o que menos sofreu aumentos. "Enquanto o índice da inflação na cidade foi de 8,64%, os alimentos sofreram um aumento de 3,87%", afirma. Vale lembrar que o índice da inflação leva em conta uma lista de produtos mais ampla do que a cesta básica, por isso essa diferença nos valores.

De acordo com o economista, o Dieese espera que o custo da cesta básica mantenha sua tendência de queda para janeiro. "O tomate e a batata devem continuar puxando o preço para baixo. A carne, passadas as festas, não deve ter aumentos significativos", afirma.