Quem mora em Curitiba pagou menos pela cesta básica em fevereiro. O valor caiu 0,64%, com relação ao mês passado.
A variação negativa foi influenciada por quatro produtos que, curiosamente, tiveram grandes altas em janeiro: o tomate (queda de 23,89% em fevereiro e alta de 42,86% em janeiro), a banana (alta de 32,97% em janeiro e baixa de 2,87% em fevereiro); o feijão (alta de 25,04% mês passado e 9,35%, em fevereiro) e a manteiga (alta de 12,40% em janeiro, e 1,68%, em fevereiro).
Outros produtos que tiveram os preços reduzidos em fevereiro foram o açúcar (-5,88%), a batata (-5,56%), o arroz (-2,52%) e a farinha de trigo (-2,50%).
Entre 16 capitais, Curitiba teve a 3.ª menor queda na cesta básica, depois apenas de Vitória (-0,32%) e Brasília (-0,22). Os preços caíram mesmo em Goiânia, que registrou cesta básica 5,16% menor que o registrado em janeiro. A maior alta foi registrada em João Pessoa (6,31%) seguida por Fortaleza e Recife (4,40% e 3,07%, respectivamente). No acumulado de agosto do ano passado até janeiro deste ano, o valor da cesta em Curitiba teve alta de R$ 17,82%. Os dados são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que faz pesquisas diárias em supermercados da cidade e prevê baixas também para março.
O economista Sandro Silva, do Dieese, explicou que a queda no preço do tomate se deve principalmente ao período de safra. De acordo com Silva, a diminuição no preço já era esperada em janeiro. ?Mas em função das chuvas e do frio, não foi possível?, disse. O preço da banana, por sua vez, aumentou muito em janeiro por conta das chuvas, mas neste mês já foi possível verificar valores mais baixos.
Com relação ao ingrediente que está presente na maior parte das refeições dos brasileiros, o feijão, o preço vem aumentando desde julho do ano passado (segundo o Dieese, o produto aumentou 139% de julho de 2007 até fevereiro de 2008). Segundo Silva, o quadro se deve à estiagem registrada no ano passado, durante a ?safrinha?. ?Os fatores climáticos prejudicaram a safra de fevereiro deste ano. A safra está atrasada porque atrasou o plantio?, explicou. O preço do feijão subiu em dez capitais de janeiro para fevereiro, e em Curitiba foi registrada a 5.ª maior alta do País. Já a explicação para o valor baixo do açúcar está nas exportações, que, segundo Silva, caíram no último mês. Ao contrário do que os especialistas esperavam, a carne foi outro produto que registrou alta de janeiro a fevereiro deste ano, em Curitiba (2,16%). Segundo o Dieese, de julho a dezembro do ano passado, o preço do quilo do coxão mole, por exemplo, subiu 22%. Já no que diz respeito ao óleo de soja, o grande problema é o período da entressafra. O produto também vem registrando alta desde o ano passado. ?Sobre a carne, a nossa expectativa é que o preço caia nos próximos meses, pois é um período no qual as pastagens estão em boas condições. Com relação ao óleo, a tendência é o preço cair em março, época de safra?, disse Silva.
Produtos de higiene e limpeza ficam mais caros
Foto: Cíciro Back |
Gérson Luiz: preços bem próximos da realidade. |
Os produtos de higiene pessoal tiveram alta de 1,44% em fevereiro, em comparação com janeiro. No mesmo período, os itens de limpeza apresentaram redução de 0,01%.
A pesquisa de preços foi realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos a pedido do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Higiene de Curitiba e Região (Siemaco).
Segundo o assessor jurídico do sindicato, Gérson Luiz Souza, com o levantamento do Dieese é possível às empresas fazer orçamentos mais próximo da realidade, ao apresentar propostas de trabalho.
A alta nos produtos de higiene foi influenciada principalmente pelo preço do sabonete (alta de 14,87%) e do creme para pele (aumento de 4,64%). Em contrapartida, foram registradas quedas no papel higiênico (3,52%) e no bronzeador (12,08%). ?Com relação ao bronzeador, podemos associar a queda à redução da oferta, ao fim da temporada?, comentou o economista do Dieese, Sandro Silva.
Com relação aos produtos de limpeza, a queda foi influenciada pelo sabão em barra (queda de 7,55%) e pela esponja de louça (redução de 2,49%). Os produtos que registraram aumento foram o sabão em pó (1,24%) e o amaciante, 5,47%.
O Dieese pesquisou também a variação de alguns produtos durante o mês de fevereiro. No pano de chão, por exemplo, foi verificada uma variação de 258,99% dentro do mesmo mês (o preço mínimo encontrado foi R$ 1,39 e o máximo, R$ 4,99). O balde teve variação de 157,07% (o preço oscilou entre R$ 1,98 e R$ 5,09) e o sapólio em pó variou 113,07% (de R$ 3,07 a R$ 5,79). A menor variação entre o preço mínimo e o preço máximo foi registrado no rodo (variação de 21,09%, com preços oscilando entre R$ 6,59 e R$ 7,98).
No que diz respeito aos produtos de higiene, o sabonete foi o que mais apresentou diferença de preço: de R$ 0,57 para R$ 1,08, uma variação de 89,47%. ?Nestes casos observamos que os estabelecimentos é que abusam nos preços?, disse Silva. (MA)