Cesta básica aumentou 13,48% em 2005

Se em 2004 o curitibano pôde comemorar o fechamento do ano com deflação de -2,06% no valor pago pela cesta básica, em 2005 a situação foi diferente. O valor acumulado nas variações mensais dos doze meses do ano recém-terminado resultou numa alta de 13,48%. O reflexo da alta só não foi tão sentido no bolso da população devido ao aumento do salário mínimo para R$ 300 em maio – em percentuais, 15,38%. Desde 2002, quando o índice chegou a 16,46%, não era experimentada uma variação tão alta.

Os grandes vilões da cesta básica em 2005 foram o tomate e a batata, que tiveram as safras prejudicadas devido às condições climáticas adversas. ?Os problemas no início do ano se refletiram no retardamento do processo de cultivo durante todo o ano?, diz o técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Sandro Silva. O tomate teve um aumento acumulado de 99,17%, com o preço do quilo passando de R$ 1,20 para R$ 2,39. A batata foi de R$ 1,06 o quilo para R$ 1,71, registrando um aumento anual de 61,32%. ?O fator atenuante das altas destes produtos foi o fato de eles poderem ser cortados sem maiores prejuízos, o que não é o caso do arroz e do feijão?, diz Silva.

Em terceiro lugar ficou o café, que vem subindo gradativamente, quase que imperceptivelmente. Os aumentos mensais fizeram com que o produto terminasse o ano 12,38% mais caro, revelando a tendência dos últimos anos, de redução de produtores de café, comprometendo a safra ano a ano.

A carne, mesmo que tenha apresentado um aumento anual de 9,46%, surpreendeu pelas oscilações. No período do inverno, entre junho e agosto, quando o produto costuma ter aumento de preço, houve uma redução. Em contrapartida, a partir de outubro, a recuperação veio e mesmo com a expectativa de nova redução com as especulações em torno da febre aftosa, não caiu.

Se o tomate e a batata fossem excluídos da somatória da alta da cesta básica em 2005, o aumento teria sido de 4,11%. Tirada também a carne, a variação seria de 0,68%.

O alto índice de 13,48% foi incrementado nos últimos quatro meses do ano. Após uma alta na cesta entre janeiro e maio de 13,62%, a redução foi de 11,6% entre junho e agosto – especialmente em função da queda do preço da carne. De setembro a dezembro, houve nova ascendência, de 12,95%.

Em dezembro, a batata bateu o recorde de aumento na lista da cesta e subiu 22,14%, seguida pela banana (6,45%) e pela carne (3,41%), o que elevou, no mês, o custo da cesta em 2,51%. Pelos cálculos do Dieese, no último mês do ano, uma família composta por quatro pessoas gastou R$ 530,76, o equivalente a 1,78 salário mínimo, apenas com alimentação.

Expectativas

Para o ano que começa, as expectativas apontam para a redução dos preços especialmente do tomate (em dezembro já se manteve estável) e da batata, devido ao período de colheita. Depois dos últimos meses de alta, também é aguardada a redução do preço da carne.

Além das especulações, a isenção de ICMS a partir deste mês determinada pelo governador Roberto Requião a uma série de produtos contidos na cesta – ao todo são oito – pode provocar uma sensível queda nos preços, a partir do final dos estoques dos não perecíveis. ?Tudo depende das oscilações do mercado, mas trabalhamos com a hipótese de redução de 5% a 7% na cesta básica a partir da implantação da medida?, conclui Silva.

Salário

Devido a problemas na rede de informática do Dieese, os valores das cestas básicas de dezembro nas outras capitais brasileiras não foram divulgados, o que deve ser feito hoje. Problemas no sistema também impediram que a regional Paraná do Dieese divulgasse o salário mínimo necessário em dezembro para o atendimento das necessidades vitais básicas do cidadão. Essas informações serão divulgadas hoje. 

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