A América Latina deve crescer 0,5% neste ano por causa de fatores externos e internos à região, segundo projeções divulgadas nesta quarta-feira, 29, pela Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal). O instituto da ONU, entretanto, prevê contração de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
A estimativa da Cepal está em linha com o que espera o governo brasileiro. Na semana passada, o Ministério do Planejamento estimou contração de 1,49% do PIB brasileiro neste ano. Analistas ouvidos pelo Banco Central, no entanto, esperam queda maior, de 1,76%.
O Panamá deve ser o país com o maior crescimento neste ano, de 6%. A projeção de expansão da economia do México é de 2,4% e a da Argentina, 0,7%. Pior que a estimativa do Brasil só a da Venezuela, cuja economia deve “encolher” 5,5%.
De acordo com o estudo da Cepal, o lento crescimento da economia mundial neste ano, em especial a desaceleração da China, gera impactos no ritmo da atividade da região. Para o organismo, o comércio mundial se transformou em um problema estrutural. A menor demanda externa dos países afeta o preço dos produtos básicos. A isso se soma a incertezas nos mercados financeiros internacionais.
No entanto, o ritmo lento do crescimento da maior parte dos países da região e a retração do Brasil são explicados por fatores internos, como a contração do investimento e a desaceleração do consumo. Houve uma mudança na principal base do crescimento dos últimos anos, afirma a Cepal.
O organismo propõe “dinamizar” o processo de investimento para retomar o crescimento da região. “Redinamizar o crescimento no curto e longo prazo é necessário para impulsionar o investimento público e privado em tempos complexos”, afirmou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal. Ela sugere que os países adotem parâmetros fiscais que protejam o investimento e recorram a parcerias público-privadas e a novas fontes de financiamento (como o novo banco dos BRICS).
A economia em letargia terá efeito direto no aumento das demissões, estima a Cepal. Para este ano, o organismo estima que a taxa de desemprego da região será de 6,5% – em 2014, fechou em 6%.