A exemplo do que vão fazer os movimentos de trabalhadores sem terra, as centrais sindicais planejam concentrar as negociações e as eventuais paralisações no primeiro semestre deste ano, já que a segunda metade do ano será quase totalmente ocupada pela corrida eleitoral. “Vamos concentrar nossa atuação no primeiro semestre. Vai continuar a ter greve. Houve muitas nos últimos oito anos”, disse hoje o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique da Silva Santos, após debate na mesa “Crise e Oportunidades” no Fórum Social Temático de Salvador.
A agenda sindical começa no dia 2 de fevereiro. Dirigentes das centrais se concentrarão no Aeroporto de Brasília para recepcionar os deputados e senadores na volta do recesso parlamentar. Ainda no dia 2, eles tentarão se reunir com as lideranças de cada partido para propor a votação imediata da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.
A respeito dos debates realizados no Fórum Social de Porto Alegre, de que também participou, e de Salvador, Santos considerou que há uma mudança em curso na iniciativa. As organizações da sociedade civil, disse, estão saindo da mera discussão para a ação. “A mesa-redonda de hoje relacionou de imediato 13 pontos que queremos ver implementados em educação e trabalho, entre outros. São temas que vão servir de base para as entidades agirem”, disse. Ele descarta mudanças rápidas no cenário social. “Isso passa por uma mudança de comportamento e de divulgação de ideias, que é mais lenta”, justificou.
A ideia mais recorrente no primeiro dia de debates do Fórum em Salvador é que a crise por que passa o mundo é mais que financeira e foi iniciada há mais tempo. O mote do evento, que há dez anos era “um outro mundo é possível”, passou para “um outro mundo é necessário”. “Estamos rediscutindo o modelo de desenvolvimento. A crise apresentou novos desafios para a sociedade. Não dá mais para gastar trilhões de dólares para salvar banco”, afirmou Santos.