O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou na noite desta segunda-feira que o atual cenário econômico mundial é “especialmente incerto”, mas está inserido em contexto “de recuperação gradual” da atividade global.

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“Há incertezas quanto à implementação e possíveis repercussões externas da política econômica do novo governo nos Estados Unidos, na área do comercio internacional, estímulos fiscais, desregulamentação financeira e outros”, destacou.

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A avaliação faz parte de discurso feito em jantar oferecido pelo Museu Judaico de São Paulo. A reunião não foi aberta para imprensa, mas os principais pontos da fala do presidente do BC foram publicados no site da autoridade monetária.

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Ilan ressaltou ainda que os Estados Unidos estão perto do pleno emprego e o efeito dos estímulos pode ser mais limitado. “É mais provável que em outras regiões, como a Europa, o estímulo global produza efeitos positivos no crescimento, com menores impactos na inflação e na política monetária”, avaliou. “Essa assimetria tende a fortalecer o dólar e colocar maior pressão nas taxas de juros americanas”, acrescentou.

Na sequência, o presidente do BC avaliou que a incerteza do cenário global pode ter implicações para as economias emergentes, mas ponderou que o Brasil está menos vulnerável a choques externos, com o balanço de pagamentos numa situação confortável. “O balanço de transações correntes apresentou em 2016 um déficit de 1,3% do PIB, enquanto investimentos diretos registraram 4,4% do PIB – desses são 3% de participação de capital e 1,4% em empréstimos intercompanhias”, disse.

Além disso, continuou, o regime de câmbio flutuante é a primeira linha de defesa contra choques externos. “Isso não impede o BC de usar os instrumentos à sua disposição para evitar volatilidade excessiva no mercado de câmbio”, afirmou.

Ele destacou também que o estoque de reservas internacionais ultrapassa US$ 370 bilhões, aproximadamente 20% do PIB. “Esse colchão funciona como um seguro em momentos turbulentos do mercado”, disse Ilan, lembrando que o estoque de swaps cambiais foi reduzido de U$108 bilhões para U$22 bilhões. “Esse montante menor traz mais conforto”.

Apesar das incertezas sobre o cenário externo, afirmou, tanto os EUA quanto outras

economias avançadas vêm se recuperando. “Não podemos descartar a possibilidade de realização de um cenário global mais benigno para o crescimento”, disse. (André Ítalo Rocha e Fernando Nakagawa – andre.italo@estadao.com; Fernando.nakagawa@estadao.com)