A maior gestora de recursos do mundo, a BlackRock, vê um cenário global cada vez mais frágil. Em carta aos acionistas publicada na quinta, 17, e ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso, o presidente do conselho de administração e diretor executivo, Laurence Fink, destaca que “muitos enxergam o risco de uma recessão cíclica crescendo”.

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Fink reserva parte da carta para falar das mudanças recentes na economia mundial, mas não cita nomes ao falar de transformações políticas. “A frustração com anos de salários estagnados, o efeito da tecnologia nos postos de trabalho e a incerteza com o futuro têm instigado xenofobia, nacionalismo e insatisfação popular”, destaca ele.

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O resultado dessa insatisfação da população, avalia o executivo, é que algumas das principais democracias do mundo “entraram em uma dolorosa disfunção política, que tem agravado, em vez de reduzir, essa frustração da população”. “A confiança nas instituições oficiais e no multilateralismo está em decadência”, afirma o executivo na carta.

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Esse cenário mais adverso afeta as empresas e Fink destaca que cada companhia precisa de uma estrutura para lidar com esse ambiente e, também, deve começar a definir seu objetivo no modelo de negócios e na sua estratégia corporativa. “Como diretor executivo, conheço bem as pressões que as empresas sofrem no ambiente polarizado atual.” O executivo observa que tem havido pressão nas companhias para enfrentar as questões sociais e políticas, “especialmente porque entendem que os governos não conseguiram fazê-lo de forma satisfatória”.

A aposentadoria é uma das áreas em que Fink avalia que as empresas podem ter maior liderança, na medida em que os sistemas previdenciários têm passado por transformações em várias economias. “Durante a maior parte do século 20, a aposentadoria foi um elemento do pacto social em muitos países onde os empregadores tinham a responsabilidade de ajudar os trabalhadores nessa etapa da vida”, destaca ele. “Em alguns países, sobretudo nos Estados Unidos, a mudança para planos de contribuição definida mudou a estrutura dessa responsabilidade, sem que muitos trabalhadores estivessem preparados.”

Ainda ao falar da Previdência, Fink alerta que quase todos os países estão enfrentando o aumento da longevidade da população. “Essa falta de preparo para a aposentadoria está causando muita ansiedade e medo, afetando a produtividade no local de trabalho e ampliando o populismo na esfera política.”

Gestão. Na carta, Fink aponta a estratégia de gestão da BlackRock em 2019. A gestora vai priorizar temas como governança, incluindo a diversidade dos conselhos, a alocação de capital dentro da estratégia corporativa, a remuneração que a empresa promove no longo prazo, os riscos ambientais e a gestão de capital humano.

Fink ressalta que o foco da gestora não é somente o curto prazo das companhias que investe. “Não nos concentramos apenas em suas operações diárias, mas buscamos entender sua estratégia para alcançar crescimento no longo prazo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.