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Cenário do 2º semestre é o melhor dos últimos três anos, diz Trabuco

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou nesta quinta-feira, 27, que o cenário para o segundo semestre é o melhor dos últimos três anos e que o banco segue com visão otimista em relação ao Brasil. “Não vemos razões para sermos pessimistas com relação ao futuro do Brasil”, disse ele, em teleconferência com a imprensa para comentar os resultados do segundo trimestre, acrescentando que 2018 deve seguir essa melhora de ambiente.

De acordo com ele, o Brasil segue com fundamentos sólidos, que incluem queda dos juros e inflação controlada, a despeito do aumento das incertezas no campo político após as delações da JBS. Trabuco disse, contudo, que esse ruído gerou um “ajuste benigno” nos preços dos ativos brasileiros.

“O Brasil tem agenda política, econômica e a primeira de curto prazo é o cumprimento da meta fiscal”, afirmou o presidente do Bradesco.

Ele disse ainda que a questão fiscal indica um novo ciclo econômico a frente e que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro irá retomar, sem precisar uma data. Destacou também que o período de recessão e de crise política deixam rastro de demandas reprimidas tanto nas empresas como nas famílias, sinalizando a existência de oportunidades.

O Bradesco anunciou nesta quinta-feira, antes da abertura do mercado, lucro líquido ajustado de R$ 4,704 bilhões no segundo trimestre, incremento de 13,0% em relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 4,161 bilhões.

Crédito

Apesar de adotar uma postura otimista em relação ao Brasil, o Bradesco vê desafios do lado do crédito por conta da lenta recuperação da economia brasileira, disse Trabuco. Ele afirmou, contudo, que o desempenho dos empréstimos está mais condicionado à economia do que às turbulências políticas no País.

“O desemprego não pode passar despercebido. O crédito voltará a crescer e as carteiras e as empresas tendem a se estabilizar”, afirmou Trabuco, em teleconferência com a imprensa, nesta manhã.

A carteira de crédito do Bradesco totalizou R$ 493,566 bilhões ao final de junho, montante 1,8% inferior em relação ao término de março, de R$ 502,714 bilhões. Ante um ano antes, porém, quando o saldo foi de R$ 447,492 bilhões, houve expansão de 10,3%.

No entanto, o crescimento no comparativo anual, segundo o vice-presidente do Bradesco, Alexandre Gluher, já é um sinal positivo do crédito e que em breve também será possível ver expansão no comparativo trimestral. Ele classificou o baixo crescimento do crédito como o “principal desafio” do banco e ressaltou que o desempenho dos empréstimos tem pesado na margem financeira da instituição. Por isso, conforme Trabuco, a tendência é de estabilidade para o indicador.

O Bradesco espera que sua carteira de crédito tenha um crescimento pequeno no ano de 2018, de acordo com o diretor departamental de relações com o mercado da instituição, Carlos Wagner Firetti. “Diante do ciclo de redução juros e recuperação da economia e até da tendência agora de originação de crédito, é de se esperar que no ano que vem estaremos em um ponto melhor (da oferta de crédito)”, afirmou ele.

De acordo com o executivo, o crescimento da carteira de crédito do Bradesco será mais significativo no próximo ano, mas não será “super alto”. O banco decidiu revisar para baixo sua projeção de desempenho para o crédito neste ano, após se deparar com um desempenho neste primeiro semestre pior do que o esperado. Firetti explicou que, ainda que a oferta de recursos cresça na segunda metade do ano, não será suficiente para fazer a carteira avançar neste ano.

“Não é que não queremos crescer em crédito. O problema está na demanda, mas já vemos a demanda melhorando”, justificou Firetti.

Ele disse ainda que o Bradesco espera que o segmento corporativo se estabilize. A linha que tem apresentado melhora, conforme Firetti, é capital de giro, que tem sido beneficiado por um aumento de confiança no empresariado. Sobre investimentos, Firetti afirmou que o movimento não está ainda tão forte.

Na pessoa física, de acordo com o vice-presidente do Bradesco, Alexandre Gluher, os destaques são carteiras mais saudáveis e com garantias como consignado

Créditos podres

O Bradesco se preparou para estar mais presente no mercado de empréstimos vencidos e inadimplentes, os chamados créditos podres, e observa, na cessão de carteiras com essas características, uma melhora no ambiente de recuperação de operações ainda vigentes, de acordo Alexandre Gluher.

“A venda de carteiras de crédito já baixadas a prejuízo libera recursos financeiros e humanos e permite a probabilidade de uma recuperação maior. De fato, temos apresentado resultados importantes na cobrança de outros créditos”, explicou.

De acordo com Gluher, a venda de créditos podres traz pouco efeito “na última linha do balanço”, mas proporciona ganhos operacionais e sistêmicos. O executivo não deu, porém, mais detalhes da nova cessão que o banco fez.

Na quarta-feira, 26, o Bradesco fechou a venda de mais uma leva de créditos podres, conforme antecipou a Coluna do Broadcast. Foram R$ 4,8 bilhões em carteiras de empréstimos vencidas, e a Ativos, do Banco do Brasil, ficou com as operações do concorrente mais uma vez. A gestora levou quatro dos seis lotes ofertados, totalizando R$ 2,8 bilhões.

Os dois lotes restantes foram para outro competidor e somaram R$ 2 bilhões. Dentre os candidatos que disputaram as carteiras de crédito podre do Bradesco, a Recovery, do Itaú Unibanco, também fez seu lance. O valor pago pelos compradores ficou próximo de 1% do valor de face das carteiras. No caso de vencimentos mais recentes, o preço foi mais alto.

As carteiras do Bradesco oferecidas ao mercado, segundo fontes, têm prazo médio de sete anos e incluem apenas empréstimos para pessoas físicas. Pertencem ao próprio banco e também ao antigo Losango, que vieram juntamente com a compra do HSBC.

Guidances

A revisão de guidances anunciada pelo Bradesco reflete um ambiente ainda “bastante difícil”, de acordo com o diretor de relações com o mercado, Carlos Firetti. “A revisão reflete um pouco a realidade atual. Quando fechamos o ano sempre procuramos acertar o máximo possível, mas o cenário continua bastante difícil”, disse, sem dar muitos detalhes, durante teleconferência com a imprensa, nesta manhã.

O Bradesco revisou a maioria de suas projeções de desempenho para o ano de 2017. A nova projeção da instituição aponta para recuo de até 5% para sua carteira de crédito. “Revisamos o guidance para crédito porque as carteiras ainda diminuem”, destacou Firetti.

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