Celepar mostra modelo de uso de software livre

A Companhia de Informática do Paraná (Celepar) apresentou, na última quinta-feira (31), as aplicações de software livre em sua rede de computadores para 25 representantes da iniciativa privada, organizações não-governamentais e instituições de ensino. O objetivo é mostrar estabilidade, economia e qualidade dos softwares de código aberto na utilização corporativa.

O software livre é uma alternativa aos chamados softwares proprietários, que oneram o usuário com licenciamentos e não possibilitam alterações e cópias para adequação às suas necessidades. As mudanças implementadas pela Celepar são exemplos que podem ser adotados pelas empresas e organizações. É o primeiro modelo de grande utilização apresentado para discussão entre integrantes do movimento que pretende expandir o uso do software livre no Paraná.

Coordenadores do comitê de implantação na Celepar, Maria Alexandra Cunha e Rubens Macedo destacaram que a maior migração de sistemas operacionais e programas está ocorrendo na estrutura administrativa do Estado. Até outubro, mais de 40 mil usuários devem utilizar o “Direto”, software aberto para correio eletrônico, como alternativa ao atual software proprietário. A mudança deve atingir mais 25 secretarias e autarquias até o fim do ano.

A adequação dos servidores ao novo sistema está sendo realizada através de treinamento promovido pela Celepar. “A companhia tem opções de treinamento que começam no Open Office, conjunto de programas que envolve correio eletrônico, elaboração de planilhas e navegador de internet, e atingem até programadores e desenvolvedores de software”, afirma Maria.

A coordenadora ressaltou ainda que o software proprietário representa imposição ao usuário comum, que necessita do mesmo sistema para trocar arquivos ou simplesmente entrar em contato com algum serviço eletrônico estatal. “A unificação de formato vai facilitar o acompanhamento do serviço público pelo cidadão nos telecentros, que utilizam apenas softwares de código aberto”, diz.

Democrático – Rubens explica que as ações apresentadas pela Celepar são exemplos que podem ser seguidos, entretanto cada usuário pode ter o seu modelo – ou fazer alterações de acordo com suas demandas – e apresentar ao movimento.

A filosofia mundial do software livre é baseada no compartilhamento de informações e na descentralização do desenvolvimento. “Na realidade do software livre nenhuma ação é imposta e o usuário pode, inclusive, ter dois sistemas operacionais, um proprietário e um de código aberto”, considera.

Entre os objetivos está a maior independência possível do software proprietário, a expansão do Open Office para outros órgãos e a definição e publicação de padrões associados ao uso entre as instituições. “A Celepar não vai adquirir mais softwares que não tenham o código aberto ou, no mínimo, cedido pelo ?proprietário?”, ressalta Alexandra.

Diretor de instituição privada de ensino superior e participante do movimento, Joaquim Valverde acredita que as alternativas apresentadas pela Celepar mostram que a mudança também pode ocorrer em outras áreas. “Quando o Estado adota uma mudança tão ampla mostra ao usuário comum ou para organização de porte menor que o uso de software livre é viável, seguro e econômico”, pondera. O diretor utiliza o Linux, o mais famoso sistema operacional livre desde 1996, mas já operava com o Unix, do qual deriva o Linux, em 1988.

O incentivo à disseminação também gera discussão sobre a regulamentação dos programas de código aberto. Para o advogado Alexandre Pesserl, os encontros do movimento representam passo importante para o debate sobre a regulamentação dos direitos autorais de softwares abertos. “Não estamos lidando com um domínio público, mas com um domínio compartilhado”, esclarece.

O advogado explica que esses softwares são regulamentados, em sua maioria, pela General Public License (GPL), que é uma “licença geral” da Free Software Foundation, organização que modela o uso, alteração e distribuição dos programas. “Apesar da filosofia ser libertária, é necessário o mínimo de organização para que não ocorram abusos, como a apropriação indevida de um programa aberto”, esclarece.

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