Quem não abre mão de uma ceia de Natal repleta de produtos típicos, como frutas secas e um bom vinho, vai ter que preparar o bolso. A alta do dólar fez com que os preços de muitos itens disparassem.
É o caso do figo e do damasco, ambos importados da Turquia, além do pistache, que dobraram de preço em um dos principais redutos gastronômicos de Curitiba, o Mercado Municipal. Vinhos e espumantes também ficaram mais caros.
“As pessoas ainda não caíram na real. Elas vão notar que os preços subiram apenas quando forem às compras”, afirmou Luiz Pavanello, proprietário da Casa da Azeitona.
Temendo uma redução nas vendas por conta da alta nos preços, Pavanello disse que também irá diminuir o volume das compras em 30% este ano. “Vamos ter que esperar a reação da população”, disse.
Entre os produtos que mais subiram estão o damasco turco, que passou de R$ 9,00 o quilo no Natal passado para R$ 18,00 este ano. O pistache também dobrou de preço e agora custa R$ 35,00 o quilo. O figo turco, que custava R$ 12,00 o quilo no Natal passado agora é vendido por R$ 24,00.
Mesmo produtos nacionais, como a castanha-do-pará e a castanha-de-caju, tiveram alta de 10%, 20% ou até mais – no caso da castanha-de-caju tipo w3, o quilo passou de R$ 18,00 para R$ 28,00. O bacalhau também ficou mais caro: custava R$ 60,00 o quilo e, agora, R$ 80,00. “A alta aconteceu de uma só vez, não foi gradativa”, comentou Pavanello.
Segundo o empresário, com a instabilidade do dólar nas últimas semanas, as vendas em São Paulo – onde estão localizadas as importadoras – estão praticamente paradas.
Para Pavanello, os produtos típicos de Natal podem subir ainda mais. Ainda assim, ele não recomenda que as pessoas antecipem as compras. “Os produtos novos, mais frescos, chegam a partir de 15 de novembro”, avisou.
Bebidas
Outro setor que já vem registrando alta nos preços é o de bebidas, especialmente vinhos e espumantes importados. O aumento, segundo o gerente da Queijos e Vinhos, Valdo Santos, varia entre 10% e 20%.
“O que a gente tem no estoque não precisa subir. Mas os pedidos novos já estão com aumento”, comentou. Apesar disso, Santos aposta em crescimento de vendas, especialmente de kits em baldes, com bebida, chocolate, patês, panetones, que custam a partir de R$ 60,00.
O número de baldes, segundo Santos, passou de 300 no Natal passado para mil este ano. “O balde em si não ficou mais caro, mas os produtos sim. Como o cliente chega e quer dar um presente de R$ 50,00, por exemplo, temos que fazer adaptações, substituir alguns itens”, comentou.
Mesmo com a alta nos preços, o gerente conta que os clientes não abrem mão de vinhos importados. “Praticamente 99% do nosso público compra vinho importado e apenas 1% nacional”, comentou.
Sobre o reflexo da crise financeira internacional, Santos afirmou que o impacto maior será sobre empresas cotadas na bolsa de valores. “Essas devem diminuir o volume de compras. Se antes encomendam 200 brindes para distribuir no Natal, agora devem encomendar 150 e selecionar melhor para quem vão entregar. Elas estão descapitalizadas”, comentou.
Em outra tradicional loja do ramo, a Anarco, também no Mercado Municipal, os preços devem subir entre 10% e 15% daqui um mês. A previsão é da gerente Bruna Agottani.
“Ainda não fizemos a reposição. As tabelas já subiram, mas ainda não repassamos aos clientes”, disse. Para quem quer economizar, portanto, uma dica é antecipar as compras de bebidas para o Natal.
Entre as bebidas mais vendidas nesta época do ano, segundo Bruna, estão o espumante Toso, vendido a R$ 21,50, e o Asti Anarco, de R$ 14,90. Para os mais sofisticados, o francês Pommery, que custa R$ 240,00, é outra opção. Na Anarco, a expectativa é repetir as vendas do Natal passado.
Enfeites estão mais baratos
Ao contrário de algumas guloseimas típicas do Natal, os enfeites poderão ser encontrados por preços até menores na comparação com o ano passado. O motivo é a forte concorrência entre as importadoras. Como a maioria dos pedidos foram feitos antes da alta do dólar, guirlandas, pinheiros e outros enfeites não tiveram aumento nos preços.
“Compramos tudo em maio, na feira em São Paulo. Alguns não quiseram entregar com o preço fechado na época; cancelamos, então, esses pedidos”, contou Maurício Menegusso, gerente da Sete Embalagens.
Segundo ele, os fornecedores que queriam aumentar o preço de custo em até 10% foram a minoria. Para este Natal, a loja ampliou o volume de produtos em 20%. “É 20% a mais de novos modelos, variedades”, contou. Na loja, 70% dos produtos são importados -especialmente da China – e 30% nacionais.
A crise financeira internacional, de acordo com Menegusso, afetou as vendas. “Estávamos vendendo bem, mas com as notícias sobre a crise financeira, a queda da bolsa, as vendas caíram 25%”, comentou.
Sobre os preços para o consumidor final, Menegusso garante que alguns itens estão mais baratos -caso de uma árvore com três metros de altura, que custava cerca de R$ 700,00 no ano passado e R$ 330,00 este ano. “Muitas mercadorias estão mais baratas este ano. Conseguimos negociar com outros fornecedores para reduzir custos”.
Na Sete Embalagens, é possível encontrar pinheiros a partir de R$ 11,00 até R$ 3 mil. Outra que investiu bastante no Natal 2008 é a Elosul Embalagens, que praticamente dobrou o volume de itens.
“Este ano estamos com mais mercadorias, maior variedade. Nossa expectativa é aumentar as vendas em 30% a 40% sobre o ano passado”, comentou Alessandra Filus, responsável pelas compras junto com fornecedores.
Como a Sete Embalagens, a Elosul também fez as compras em maio, quando o dólar estava num patamar bem menor. “Alguns produtos ficaram mais baratos. Uma caixa com nove bolas vermelhas, por exemplo, que custava R$ 8,90 no ano passado, agora custa R$ 6,10”, disse.