Menos retorno, mais tempo sem o dinheiro e com um pouco mais de risco para o portfólio de investimentos. Os 122 mil poupadores que têm a receber R$ 9 bilhões na próxima quarta-feira, 15, vão se defrontar com um Brasil diferente daquele de seis anos atrás, quando foram lançados esses títulos do Tesouro.

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Hoje, com os juros básicos em sua mínima histórica, inflação sob controle na meta do Banco Central e tendência do mercado de capitais pela renda variável, a prateleira de renda fixa é bem menos generosa com o investidor.

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Lançados em 2013, com taxa Selic a 7,5% e inflação acumulada de 6,15% ao ano, os títulos Tesouro IPCA 2019 recompuseram as perdas com inflação e adicionaram um prêmio anual de 8,03%. Hoje, o mais próximo que o poupador encontra à venda no site do Tesouro são títulos com vencimento em 2024 que, além da recomposição da inflação, garantem margem de lucro de 3,93% ao ano.

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‘Não adianta reclamar’

Na opinião do professor de finanças do Ibmec Alexandre Cabral não adianta reclamar ou esperar por dias melhores para a renda fixa. Segundo ele, mesmo com rendimento abaixo da metade do oferecido há seis anos, os títulos federais ainda são boas opções.

“Se o investidor acha que pode precisar desse dinheiro a qualquer momento e quer proteger o montante das perdas com a inflação, o Tesouro é melhor do que a poupança”, afirma Cabral, que sugere apenas uma adaptação ao aplicador. “Compre os títulos à venda, mas dê preferência pelos atrelados à taxa de juros Selic. Os títulos indexados pela inflação, principalmente os de longo prazo, são mais voláteis e podem variar mais. Se você precisar se desfazer do título antes do vencimento, o risco do Tesouro Selic é menor”, destaca.

Segundo as contas de Cabral, quem comprar agora um título de Tesouro Selic, com prêmio de 0,02% ao ano, terá no fim de um ano um retorno de 5,24%, já descontada a inflação. Assim, quem investir R$ 1 mil na aplicação, verá um saldo de R$ 1.052.

De acordo com dados do Tesouro Direto, a maior parte dos investidores que receberão os recursos na quarta-feira sacará até R$ 10 mil (52%) e 70% têm entre tem entre 26 e 45 anos.

CDB vale a pena

Para a planejadora financeira Paula Sauer, da Planejar, a melhor opção dentro da renda fixa para quem vai receber os recursos do Tesouro são os contratos de CDBs dos bancos pequenos e médios. Ela destaca títulos (veja no gráfico acima) que podem pagar até 121% do CDI. O CDI é uma taxa que segue de mãos dadas com a Selic e está em 6,40%. Outra opção são os CDBs indexados ao IPCA, indicador oficial para a inflação, acrescidos de taxa de até 5% ao ano.

Segundo Paula, contudo, ao comprar um CDB, o investidor precisa considerar a liquidez. Na prática, o aplicador não pode sacar o dinheiro antes do vencimento do título, que pode ter prazo de um, dois ou até cinco anos.

Além disso, é preciso considerar mudanças no cenário econômico, diz Paula. “Se você comprar contratos apostando na alta da inflação e ela cair, você ganha menos.” O segredo, diz, é diversificar. “Tem de buscar ativos com correlação negativa. Assim, quando um cai, o outro sobe.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.