Tornar legal a atividade leiteira dos entregadores de leite de rua de Rolândia foi uma tarefa difícil, mas não impossível, relembrou a médica veterinária Gayza Maria de Paula Iácono, da Emater, empresa estadual vinculada à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, durante a solenidade comemorativa do 3.º ano de existência do leite pasteurizado Caviúna, ocorrida na noite do dia 24 de maio, na sede do Sindicato Rural, com a presença de 120 convidados.

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Pressionados pela promotoria pública local em abril de 2001 com o argumento de risco à saúde pública, os 41 produtores de leite se viram na contingência de buscarem novas formas de legalidade para não romperem a tradicional entrega em carrocinhas do leite in natura feita em garrafas e canecas ou transformado em queijo frescal, direta nos domicílios familiares. ?Também foram impelidos para mudanças, devido à baixa produtividade e a qualidade do leite produzido?, afirmou a extensionista Gayza, ao destacar o volume de 8.057 litros/dia na época, onde 32 deles obtinham a média diária de 87 litros.

Com apoio do Conselho Municipal de Sanidade Agropecuária, Vigilância Sanitária da Seab, Prefeitura Municipal, Universidade Estadual de Londrina e Emater, em maio do mesmo ano foi formado o Grupo do Lacticínio do Leite Caviúna e no ano seguinte inaugurado o laticínio completo, incluído o pasteurizador, tanque pulmão, câmara fria.

?O investimento de R$ 45,5 mil do governo do Paraná, através do Programa Paraná 12 Meses junto com os R$ 34,5 mil integralizados pelos produtores, mostra a fundamental parceria pública e privada, promovendo a inclusão social das famílias rurais e garantindo sucesso do empreendimento?, destacou o engenheiro agrônomo Gervásio Vieira, do Programa Agroindústria Familiar Fábrica do Agricultor, da Emater, ao citar que atualmente são beneficiários 19 produtores, processando 1.800 litros de leite por dia.

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Até dezembro deste ano, projeta Vieira, serão pasteurizados 500 mil litros de leite, distribuídos no mercado consumidor local, desde a entrega legal em carrocinhas até na merenda escolar, passando pelos supermercados, além do processamento em queijo promovido pela Associação e Grupo do Laticínio do Leite Caviúna. Este volume de leite mobilizará na economia de Rolândia a receita bruta anual de R$ 449,8 mil.

O lucro líquido de cada família produtora é de quase 100% , remunerando o custo de produção e a taxa de pasteurização, mostrando que a atividade leiteira é viável na pequena propriedade, mesmo produzindo 100 litros/dia, afirmou Vieira que comparou no volume total dos investimentos o valor de R$ 1.340,00 para cada um dos 59 empregos gerados pelo lacticínio, ?bem inferior aos US$ 7 mil utilizados na criação de um emprego urbano?.

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O projeto Leite de Rolândia, que integra o Leite Caviúna, nome escolhido pelo produtor Luiz Pereira, proprietário da área onde foi construído o laticínio e que resgatou a antiga denominação do município como marca, ?tem que ir mais longe, contemplando a participação de novos produtores e mais produção de leite de qualidade, pela perspectiva de dar mais renda e mais emprego aos agricultores familiares?, conclamou na solenidade comemorativa o prefeito Eurides Moura.