Quase 93% das 340 unidades de negociação da Indústria, Comércio e Serviços analisadas pelo Sistema de Acompanhamento de Salários do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (SAS-Dieese) conquistaram, no primeiro semestre de 2014, reajustes acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo divulgou o Dieese, o aumento real médio foi de 1,54% acima da inflação. O órgão não divulgou os valores desses pisos, como faz no balanço anual.

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Na desagregação por setor econômico, a pesquisa mostra que, em todas as áreas, o porcentual de unidades de negociação com aumento real nos pisos salariais foi superior a 90%. A maior incidência de pisos com reajustes acima do INPC foi no Comércio (95,7%), seguido pela Indústria (92,9%) e Serviços (92,8%). Já aos reajustes abaixo da inflação, observados em 2,6% das categorias, foram mais frequentes na Indústria (4,5% das unidades de negociação), seguido por Comércio (2,2%) e Serviços (0,7%). Em 4,1% dos setores analisados, o reajuste foi igual ao INPC.

No relatório, o Dieese destaca que os resultados do primeiro semestre de 2014 são melhores do que o registrado para as mesmas unidades de negociação no ano anterior, tanto no crescimento do número de reajustes acima do INPC quanto na elevação dos valores negociados. Segundo o órgão, a melhora foi observada em todos os setores econômicos e regiões geográficas. Desde 2008, quando o Dieese passou a analisar os reajustes salariais, a entidade observa que os reajustes dos seis primeiros meses deste ano só ficam atrás do verificado em 2012 “e, em certos aspectos, em 2010”.

Menos inflação

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Entre os fatores que justificam o bom resultado das negociações, o departamento cota três principais. O primeiro é a redução das taxas de inflação, que resultou em índices de reposição inflacionária menores do que os verificados no ano anterior. Outro fator seria a manutenção das taxas de desemprego em patamares baixos, o que, em geral, “denota um mercado de trabalho aquecido e encoraja a mobilização dos trabalhadores”. O terceiro aspecto apontado é o que o Dieese chama de efeito catalisador de algumas paralisações “bem sucedidas” realizadas no primeiro semestre, em especial de trabalhadores das áreas de limpeza urbana e transporte coletivo, o que teria encorajado outras categorias.

O Dieese ressalta ainda que esses mesmos fatores devem ser considerados em qualquer tentativa de prognóstico para as campanhas salariais do segundo semestre. Em relação à inflação, o órgão afirma que vários indicadores, entre eles o INPC e a pesquisa de Cesta Básica feita pelo Dieese, sinalizam para manutenção da tendência de queda captada nas últimas pesquisas, “o que é positivo para as negociações coletivas”. “No entanto, é preciso avaliar o quanto a redução da inflação é devida ao desaquecimento econômico, o que pode resultar em efeito negativo aos trabalhadores”, pondera.

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