Caso Parmalat pode virar CPI na Câmara Federal

Os deputados da comissão especial da Câmara que analisa o caso Parmalat querem transformá-la em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), com o objetivo de quebrar os sigilos bancário e fiscal das empresas do grupo no Brasil. A proposta foi defendida ontem pelo presidente da comissão, deputado Waldemir Moka (PMDB-MS), e por seu relator, deputado Assis Miguel (PT-PR), durante audiência pública na Câmara em que foram ouvidos representantes das empresas.

Miguel disse que tentará concluir até amanhã um relatório prévio sobre os trabalhos realizados pela comissão. O documento descreveria a situação do mercado leiteiro no Brasil e proporia ações governamentais para ajudar o setor.

No entanto, Miguel e Moka defenderam que, para avançar também nas investigações sobre as operações da Parmalat no Brasil, seria necessária a criação de uma CPI. Dessa maneira, os deputados poderiam pedir a quebra dos sigilos bancário e fiscal da empresa e cruzar os dados que seriam fornecidos pelo Banco Central e pela Receita Federal com os depoimentos dos representantes da Parmalat já ouvidos pela comissão.

Segundo Moka, já há consenso dentro da comissão de que é necessária uma CPI. Ele prometeu começar a buscar as 171 assinaturas necessárias para a abertura da CPI. “Trata-se de uma megafraude que envolveu o Brasil. A dívida da Parmalat contabiliza US$ 2,4 bilhões pelos nossos cálculos, não se sabe a origem dessa dívida, não se sabe porque a matriz continuava enviando dinheiro ao Brasil apesar dos prejuízos. (…) Queremos a CPI para saber se houve lavagem de dinheiro ou esquema com laranjas”, disse Moka.

Hoje às 10h, a comissão deve ouvir os ministros Roberto Rodrigues (Agricultura) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário). Também podem ser convidados representantes do Ministério da Fazenda.

Dívida é maior

A Parmalat tem no Brasil uma dívida 41,18% maior do que a estimada pelo mercado. Segundo representantes do grupo no Brasil, os débitos totais somam cerca de US$ 2,4 bilhões e não US$ 1,7 bilhão como se projetava até agora.

Segundo o diretor financeiro da empresa, Andréa Ventura, a Parmalat Participações (controladora da Parmalat Brasil) tem uma dívida total de US$ 1,6 bilhão. Ventura é o elo de ligação entre a holding italiana e o Brasil.

Já a Parmalat Brasil -braço industrial do grupo – deve para bancos e outros credores US$ 160 milhões.

Por último, a Carital Brasil – empresa criada para administrar parte das dívidas do grupo – deve R$ 1,966 bilhão (cerca de US$ 650 milhões).

Esta informação é do próprio diretor-presidente da Carital Brasil, Carlos Alberto Paretti, que admitiu que a empresa foi criada apenas com o objetivo de administrar parte das dívidas do grupo Parmalat no país.

No entanto, Ventura negou que as dívidas da Parmalat Brasil – de capital aberto -eram transferidas para a Carital e para a Parmalat Participações com o objetivo de “mascarar balanços” ou melhorar a situação contábil da empresa para enganar acionistas.

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