O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou hoje que o governo não pode aceitar a volta de um gatilho salarial, como proposto pela Força Sindical, pois “isso significaria dizer que o governo não vai mais se preocupar com a inflação”. “Nós temos responsabilidade. O gatilho fazia sentido num tempo que a inflação tinha disparado”, disse Carvalho, ao deixar o evento de comemoração do Dia do Trabalhador organizado pela Força Sindical na Praça Campo de Bagatelle, em São Paulo.
Durante seu discurso para a plateia de trabalhadores, ele também mencionou que Dilma tem trabalhado muito no combate à inflação. “Não é verdade que a inflação vai subir”, afirmou. “Teve um pico nos últimos meses , mas agora ela começou a cair. A presidente Dilma zela como uma leoa em defesa dos trabalhadores para que a inflação não coma nossos salários.”
O tema foi destaque em toda a festa desta manhã. Dirigentes sindicais mencionaram em discursos que a inflação corrói o poder de compra dos trabalhadores e o senador tucano Aécio Neves acusou o governo federal de leniência.
“Temos problema, claro que temos. Estamos de olho na inflação, estamos cuidando. Não é verdade que a inflação está disparando, houve um pequeno surto, mas já está sob controle”, disse Carvalho, à imprensa. Ele ressaltou que o governo está trabalhando para trazer a inflação cada vez mais próxima ao centro da meta. “Portanto, não faria sentido falar de uma medida que vai repor (as perdas com a inflação) porque não vai ser preciso”, completou, ainda sobre a proposta da Força Sindical de indexar reajustes de salário à inflação.
Carvalho ressaltou que a economia funciona também “psicologicamente” e, “se o governo der um sinal de afrouxar o controle da inflação, já começa a se criar um clima como o de agora”.
Ele classificou a atitude de críticos da política econômica quanto à recente alta da inflação – em março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), estourou o teto de 6,5% da meta – como uma “comemoração na linha do quanto pior melhor”.