O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Mark Carney, disse nesta quinta-feira que o Reino Unido “pode lidar com a mudança” e que a política monetária pode ajudar a mitigar qualquer desaceleração na economia após o país decidir sair da União Europeia, decisão conhecida como Brexit, uma vez que “todos os elementos do pacote do BoE podem ser ampliados”. No entanto, “a política monetária não pode compensar totalmente o impacto econômico do Brexit sobre a economia”, acrescentou.

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“O Reino Unido tem uma das economias mais flexíveis”, disse o presidente do BOE.

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Segundo Carney, ao agir rapidamente é possível reduzir a incerteza e impulsionar a confiança.

E que para isso, um novo pacote de estímulos foi necessário e “excepcional”. “O pacote do BoE garante que estímulos terão impacto máximo”, destacou. Ele enfatizou que “os dirigentes do BoE preveem mais corte na taxa de juros neste ano”, mas deixou claro que “não é fã de taxas de juros negativas”.

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Logo após o anúncio das medidas, a libra passou a cair ante o dólar e renovou mínimas durante o discurso de Carney diversas vezes e, para ele, “a desvalorização da libra impulsionará as exportações e reduzirá as importações”, o que beneficiará a economia.

Nesta quinta-feira, o BoE decidiu cortar a taxa básica de juros, de 0,50% para 0,25%. Além disso, a instituição elevou seu programa de compra de ativos, de 375 bilhões de libras (US$ 500 bilhões) para 435 bilhões de libras.

A decisão de juros, por unanimidade, foi tomada após os eleitores do Reino Unido votaram, em 23 de junho, pela saída do país da União Europeia. Em relação ao programa de compra de ativos, seis dirigentes votaram pela expansão e três foram contra isso.

O BoE vê a inflação acelerando muito mais rápido do que o esperado agora, uma vez que a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia empurrou a libra ante o dólar para baixo. A previsão é que a inflação ao consumidor chegue a 2,4% em dois anos.

“A queda da libra vai empurrar para cima os preços de importação e ao consumidor durante os próximos três anos. Apesar das perspectivas muito mais fracas para a atividade econômica, a inflação ao consumidor em dois anos é projetada para ser maior do que a esperada em maio”, disse Carney.

O BOE cortou suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e da inflação do Reino Unido, em seu relatório de inflação divulgado junto com a decisão de política monetária, nesta quinta-feira. No caso do PIB, a instituição reduziu a expectativa de +2,3% em maio para +0,8% em 2017 e de 2,3% para 1,8% em 2018.

A inflação no Reino Unido deve ficar em 2,1% em 2017 e em 2,4% em 2018. Segundo o BoE, as medidas de estímulo tomadas hoje têm como objetivo impedir que a inflação recue para abaixo da meta no longo prazo. A instituição disse também que a inflação deve receber um impulso mais adiante, graças à libra mais fraca. A moeda se enfraqueceu depois de os eleitores do Reino Unido votarem pela saída do país da União Europeia.