O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Mark Carney, alertou nesta quinta-feira sobre os riscos que a economia global sofrerá na eventualidade de uma guerra comercial plena, com o argumento de que a elevação de tarifas pelos EUA e por seus grandes parceiros comerciais poderá afetar o crescimento econômico por vários anos.
Os comentários de Carney vêm em meio a uma crescente disputa comercial que tem abalado os mercados financeiros mundiais. Amanhã, os EUA deverão impor tarifas adicionais a US$ 34 bilhões em produtos da China. Pequim prometeu retaliar com tarifas sobre o mesmo montante em bens americanos.
Em discurso feito hoje no norte da Inglaterra, Carney disse que uma eventual guerra comercial terá custos diretos à economia global, por meio da redução do comércio, assim como custos indiretos, como o enfraquecimento da confiança de empresas e consumidores, o avanço da inflação e a desaceleração da produtividade.
Segundo Carney, há sinais preliminares de que esse ambiente comercial mais hostil e incerto já está prejudicando a atividade” econômica, como indicam pesquisas que mostram fraqueza nas encomendas globais e na produção manufatureira.
Carney também advertiu que uma guerra comercial poderá ser o catalisador de uma desaceleração econômica mais ampla.
“Há uma crescente possibilidade de que a incerteza comercial solidifique os riscos de uma recuperação das taxas de juros de longo prazo, de aumento de aversão de risco e de um aperto geral nas condições financeiras globais”, disse Carney em discurso na cidade de Newcastle.
As disputas comerciais dos EUA não se restringem à China, estendendo-se também a outros importantes parceiros de Washington, como União Europeia, Canadá e México.
Carney citou análise do BoE sugerindo que o eventual aumento de tarifas em dez pontos porcentuais entre EUA e seus principais parceiros custaria o equivalente a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) americano ao longo de três anos. Apenas considerando-se a diminuição dos fluxos comerciais, o impacto na economia global seria de cerca de 1% do PIB.
Apesar dos sinais negativos da economia global, Carney afirmou que a economia do Reino Unido parece estar destinada a crescer mais ou menos o que o BoE previu em maio, numa sinalização de que a instituição se mantém na trajetória para elevar juros em duas ou três ocasiões nos próximos anos. Economistas preveem que o BoE poderá aumentar seu juro básico, atualmente em 0,50%, já na reunião de política monetária de agosto. Fonte: Dow Jones Newswires.